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Médico acusado de participação em esquema de vendas de anabolizantes é absolvido no Acre

Por Redação em 13/01/2023 às 14:25:57
Já garçom apontado como sócio do médico Giovanni Casseb no suposto esquema foi condenado a mais de um ano de prestação de serviço à comunidade e pagamento de 10 salários-mínimos. Médico deve ser ouvido em Rio Branco

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A 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco absolveu o médico Giovanni Casseb da acusação de participação em um suposto esquema de vendas de anabolizantes. Já o garçom Wendhel Rodrigues, apontado na denúncia como sócio de Casseb, foi condenado a mais de um ano de prestação de serviço à comunidade e pagamento de 10 salários-mínimos.

Casseb chegou a ser preso em julho de 2019 durante um desdobramento da operação de combate à venda ilegal anabolizantes da Polícia Civil. Rodrigues, que segundo a investigação mantinha um relacionamento amoroso com o médico na época, também foi preso na ação. O g1 não conseguiu contato coma defesa dos dois até última atualização desta reportagem.

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O médico foi solto no dia 25 de julho de 2019, após decisão do desembargador Samoel Evangelista, da Câmara Criminal. Já Rodrigues, que foi preso no dia 9 de julho daquele ano em frente a uma agência dos Correios, em Rio Branco, quando buscava uma caixa de anabolizantes, conseguiu a soltura no dia 2 de setembro de 2019.

Wendhel foi condenado a mais de um ano de prestação de serviço à comunidade e pagamento de 10 salários-mínimos

Reprodução

Denúncia

Conforme denúncia do Ministério Público do Acre (MP-AC), Wendhel e Giovanni mantinham uma rede de clientes restrita para fornecimento de medicamentos anabolizantes, os quais importavam e vendiam sem a necessária autorização dos órgãos competentes.

A investigação apontou que Giovani, valendo-se da profissão de médico direcionava seus pacientes para adquirir medicamentos anabolizantes com o denunciado Wendhel, tanto que a rede de clientes para os quais eram vendidos os produtos, era, em geral, formada por pessoas que faziam acompanhamento médico com ele. Ainda segundo a denúncia, o médico não apenas direcionava clientes a Wendhel como também prestava informações quanto ao uso, aplicação, dosagem, acerca do modo em que o medicamente deveria ser utilizado.

O processo traz ainda que Wendhel comprava esses medicamentos pela internet, cujo pedido sempre era feito no nome da própria mãe.

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Alcinete Gadelha/G1

A denúncia contra os dois foi recebida pela Justiça em 16 de setembro de 2019. No ano passado, foram realizadas audiência para oitiva de testemunhas de defesa e acusação e dos acusados.

Em interrogatório, conforme o processo, Wendhel confirmou que realizava a venda dos anabolizantes. Porém, disse que não tinha conhecimento de que essa atividade era proibida, além de ter afirmado que os medicamentos estavam no nome da sua mãe para facilitar o recebimento, porque ele passava pouco tempo em casa.

Já o médico que faz o uso de anabolizantes de forma recreativa e que a maior parte dos seus pacientes lhe procura para emagrecimento. Em sua defesa, segundo o processo, Casseb relatou que as pessoas o procuravam já com a intenção do uso de anabolizantes, porém, queriam realizar o controle de riscos e danos, situação em que ele prescrevia as doses corretas que poderiam ser tomadas.

Decisão

Ao analisar o caso, o juiz Raimundo Nonato, da 3ª Vara Criminal de Rio Branco, decidiu que as provas apuradas não foram suficientes para condenar o acusado Giovanni Casseb.

“É incontroverso que o acusado Giovanni, na condição de médico, com especialidade em nutrologia (com foco no processo alimentar e emagrecimento), atendia pacientes e indicava alguns para que adquirissem produtos anabolizantes com o acusado Wendhel. Os elementos informativos apurados em sede policial, aliado aos depoimentos judiciais, comprovam que ele praticava essa conduta. A conduta do acusado de prescrever em papel não timbrado os medicamentos para seus pacientes e indicar para que fossem adquiridos com o acusado Wendhel, não tipifica o crime narrado na denúncia”, disse o magistrado na decisão.

O juiz ressaltou ainda que o médico não importou, vendeu, expôs a venda, distribuiu os anabolizantes aos pacientes. “Ele prescreveu e indicou o Wendhel, pois mantinha relacionamento amoroso com ele há mais de 04 anos.”

Apesar de na decisão, o magistrado apontar o médico como sendo nutrólogo, em consulta ao portal do Conselho Federal de Medicina, o g1 verificou que Cassebi não possui essa especialidade. Na verdade, ele é especialista em clínica médica e medicina de família e comunidade.

Ainda na decisão, o juiz descreveu que cabe ao Conselho Regional de Medicina analisar o caso e tomar as devidas atitudes. “Não se pode admitir que um profissional médico que tenha compromisso com um valor maior, que é a saúde, acabe se tornando um promotor de resultados estéticos fruto do efeito de drogas, com enorme prejuízo para a integridade física de seus pacientes. Dessa forma, poderá apurar a conduta do médico a fim de verificar sehouve infração às normas legais que regem o Código Ética Médica”, disse.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Acre (CRM-AC) afirmou que um processo ético foi instaurado sobre o caso, mas que em cumprimento ao artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional Médico, não informa sobre a tramitação de denúncias/processos/sindicâncias no Regional. E ressaltou que a sentença será avaliada no âmbito da ética médica, garantindo ao médico o exercício da ampla defesa e contraditório.

Nova polêmica

Recentemente, Casseb virou novamente alvo de críticas e indignação nas redes sociais por uma postagem com discriminação contra pessoas gordas, crime classificado como gordofobia. A publicação, já excluída, foi feita na segunda-feira (9) em uma das redes sociais do médico. Após a publicação do médico viralizar, o Ministério Público Estadual (MP-AC) fez uma postagem com a hashtag #gordofobiaNão. A publicação ainda tem a frase: "A medida certa é o respeito".

"Cansado de ser feio e gordo? Seja só feio!". A frase faz parte de uma montagem inserida digitalmente em um outdoor com o nome, contato e foto do médico. Ele postou uma foto que mostra o falso outdoor e ele logo abaixo com a mão na boca olhando para cima.

A foto não aparece mais entre as publicações do médico. Em nota, Casseb alegou que não existe nenhum outdoor dele na cidade e que a publicação foi apenas 'um meme' para divulgar o trabalho dele. "É uma pena que algumas pessoas queiram dar essa conotação negativa", diz parte do comunicado.

Esta não é a primeira polêmica em que ele se envolve. Produtor de conteúdo digital na internet, em 2017, o médico foi acusado de racismo após se fantasiar do meme "negão do Whatsapp" durante uma aula da saudade. O caso repercutiu no Facebook e usuários da rede escreveram comentários com crítica acusado o professor de fazer 'Blackface', em referência aos atores que se pintavam com carvão para interpretar personagens negros de forma exagerada.

g1: Vídeos

Fonte: G1

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