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RĂșssia e Xi Jinping representam ameaça para a segurança e economia global em 2023

Por Redação em 07/01/2023 às 17:19:56

A RĂșssia e o presidente da China, Xi Jinping, representam os maiores riscos para o mundo em 2023, segundo o relatório feito pela EurĂĄsia Group, empresa que pesquisa risco polĂ­tico e anualmente reĂșne os problemas mais provĂĄveis que o planeta pode enfrentar. Segundo eles, os recentes acontecimentos na guerra na Ucrânia, que completa um ano no próximo mĂȘs, e os reveses sofridos pelas tropas de Vladimir Putin se encaminham para ter como resultado uma RĂșssia humilhada e, uma vez que isso acontecer, ela "deixarĂĄ de ser um jogador global para se tornar o Estado desonesto mais perigoso do mundo, representando uma séria ameaça à segurança da Europa, dos Estados Unidos e além". Por outro lado, a centralização do poder em Xi Jinping, que é apontado como o lĂ­der mais poderoso na China desde Mao Tsé-Tung, principalmente após vencer as eleições de outubro, que lhe concederam um histórico terceiro mandato, deve originar grandes erros que vão provocar volatilidade polĂ­tica e elevada incerteza no paĂ­s, além de reverberar no mundo. "Esse é um desafio global enorme e subestimado, dada a realidade sem precedentes de uma ditadura capitalista de Estado tendo um papel tão desproporcional na economia global", pontua o relatório.

Sendo assim, como esses riscos vão ser sentidos no mundo? Bernardo Wahl, professor de Segurança Internacional da Fundação Escola de Sociologia e PolĂ­tica de São Paulo (FESPSP), explica que uma RĂșssia humilhada e agindo desonestamente pode gerar "uma crise geopolĂ­tica da mais alta ordem. Uma ameaça à segurança global, sistemas polĂ­ticos ocidentais, ciberespaço, civis ucranianos e insegurança alimentar". Vale lembrar que RĂșssia e Ucrânia, conhecidas como "celeiro da Europa", são dois dos maiores produtores de trigo e milho no mundo, representando, respectivamente, 29% e 19% das exportações globais. Desde setembro, as tropas de Vladimir Putin tĂȘm sofrido reveses na guerra, recentemente, em um Ășnico ataque do Exército ucraniano, os russos perderam 89 soldados. O resultado do atentado repercutiu negativamente dentro do paĂ­s. Contudo, Putin tem pouco a perder com uma nova escalada contra o Ocidente e a Ucrânia, até porque a RĂșssia estĂĄ quase completamente isolada das democracias industriais avançadas — econômica, diplomĂĄtica, cultural e tecnologicamente.

Diante da dificuldade para vencer o conflito com a Ucrânia tomando iniciativas, além do fato de estar recebendo sistemas militares mais avançados, como o sistema de mĂ­sseis Patriot, para defesa aérea, Wahl afirma, apontando o relatório da EurĂĄsia, que a RĂșssia deve começar uma "guerra assimétrica com o Ocidente, buscando infligir danos e enfraquecer a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao invés de empregar uma agressão aberta que depende de um poder militar e econômico que a RĂșssia não tem mais". Apesar da possibilidade existente da RĂșssia perder a guerra e se tornar o Estado desonesto mais perigoso do mundo, o professor da FESPSP alerta que "se a RĂșssia perder a guerra para Ucrânia, ela ficarĂĄ abalada e vai precisar de tempo para se reconstruir. Porém, essa derrota pode ser boa para quem apoia a Ucrânia. No longo prazo, porém, o problema pode voltar a aparecer".

guerra ucrânia

Apesar de não declarar publicamente o apoio à RĂșssia na guerra, a China é aliada de Putin, além de ser a segunda maior economia do mundo, com chances reais de se tornar a primeira, como aponta o cientista polĂ­tico e pesquisador da USP Pedro Costa. O especialista lembra que em 4 de fevereiro de 2022, na abertura da OlimpĂ­ada de Inverno, realizada em Pequim, Putin e Xi Jinping assinaram uma parceria, classificada como "sem limites". Após 20 dias, o presidente russo deu inĂ­cio à invasão à Ucrânia. "Além deles serem a maior ameça ao Ocidente, eles se uniram, o que provoca uma rachadura do mundo. De um lado, temos os EUA, G7 e parceiro da Otan, e do outro China, RĂșssia e aliados da EurĂĄsia". Costa acrescenta que essa aliança ameaça a ordem ocidental porque "se a China cresce, é um problema, porque ela estĂĄ roubando emprego, tirando emprego dos EUA, G7 e aliados ocidentais. Se ela cresce pouco, é um problema, porque ela estĂĄ diminuindo o comércio internacional", explica Costa. Ele acrescenta que o paĂ­s é uma ameaça para o Ocidente e agora que se juntaram à RĂșssia, que é uma antiga rival ocidental e a segunda maior força militar, se tornaram um risco, principalmente em um momento em que os EUA, aliados do G7 e Otan, "estão passando por um momento de crise de liderança e hegemonia global", conforme aponta o cientista polĂ­tico.

O atual cenĂĄrio faz com que algumas pessoas digam que "as relações internacionais voltaram para uma época de competição de grandes potĂȘncias. E é um pouco isso que estamos vendo, tanto que o relatório aponta RĂșssia e China como os principais riscos de 2023", diz Wahl, alertando que, por mais que a EurĂĄsia Group seja uma empresa conceituada e considerada a maior do mundo em anĂĄlise de risco politico, é preciso considerar que seus relatórios tĂȘm um certo viés "americanocĂȘntrico", ou seja, tĂȘm mais impacto na Europa e Estados Unidos, mas não surte tanto efeito no Brasil, principalmente com o novo governo, em que LuĂ­s InĂĄcio Lula da Silva (PT) "deve seguir a polĂ­tica dos seus outros dois mandatos, de buscar o multilateralismo e se relacionar com vĂĄrios paĂ­ses", acrescenta Wahl. Costa concorda, acrescentando ser necessĂĄrio se perguntar para quem essas duas potĂȘncias são um risco. "A China é uma ameça ao Brasil ou uma ameaça aos interesses da hegemonia norte-americana?" Além da RĂșssia e Xi Jinping, o relatório também lista outros tópicos. Ao todo, são dez pontos que exigem atenção:

  1. RĂșssia
  2. Xi Jinping
  3. Armas de disrupção em massa
  4. Ondas de choque de inflação
  5. Irã
  6. Crise energética
  7. Paralisação do desenvolvimento global
  8. Divisão polĂ­tica nos Estados Unidos
  9. Boom do Tik Tok
  10. Escassez de ĂĄgua

Os especialistas reforçam a preocupação com a crise energética e ainda apontam a inflação como outro tema que gera alerta e deve afetar o mundo todo. "A Guerra na Ucrânia não tem previsão de fim e estrangula a questão energética, e quando se cria esse estrangulamento, temos um problema na inflação que vai repercutir globalmente", explica Pedro Costa. "Essa questão energética, associada ao fator climĂĄtico, gera inflação, pois aumenta o preço da energia". Wahl acrescenta que uma inflação alta aumenta as taxas de juros e prejudica os paĂ­ses emergentes, como o Brasil. Costa chama atenção para outro ponto, a pandemia de Covid-19 que ainda não acabou, principalmente agora, com a explosão de casos na China. "Não se sabe como os chineses vão lidar com essa situação. E a maneira como a China lida com a pandemia afeta a economia global". Desde que acabou com a polĂ­tica de "covid zero", que estava em vigor no paĂ­s hĂĄ trĂȘs anos, o nĂșmero de casos de coronavĂ­rus explodiu no paĂ­s e gerou uma preocupação mundial para o possĂ­vel desenvolvimento de novas cepas. Como forma de prevenção, alguns paĂ­ses começaram a exigir exame de Covid-19 negativo para os turistas chineses que quiserem entrar no paĂ­s. Por outro lado, a China acabou com as obrigatoriedades para prevenção e vai reabrir sua fronteira com Hong Kong no domingo, 8.

Fonte: JP

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