Antes, órgão era vinculado à presidência do banco. Objetivo é 'aumentar autonomia e isonomia', segundo documento divulgado pela instituição. Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, durante entrevista no Palácio do Planalto em abril de 2020.
José Dias/PR
A corregedoria da Caixa Econômica Federal passará a ficar sob a responsabilidade do Conselho de Administração, e não mais da presidência da instituição.
A mudança é uma das primeiras ocorre após as denúncias de abuso sexual que derrubaram o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães em junho. O objetivo, segundo um documento divulgado pelo banco na segunda-feira (18), é "reforçar a autonomia e isonomia da atuação da Corregedoria".
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Guimarães nega as acusações.
O documento também informa que Antônio Carlos Ferreira de Sousa deixou o cargo de vice-presidente de Logística e Operações.
Como o blog mostrou, Antônio Carlos é descrito por funcionários como um dos aliados de Pedro Guimarães no banco e responsável pelo que ficou conhecido como "dossiê KGB" – devassas feitas na vida de pessoal de funcionários para verificar suas posições políticas, amizades para definir quem poderia progredir e quem seria condenado à morte profissional no banco.
Na ocasião, Antonio Carlos foi procurado por meio da assessoria da Caixa Econômica Federal sobre as denúncias, mas se limitou a dizer que “todas as informações serão encaminhadas para análise da Corregedoria do banco, bem como pela empresa independente a ser contratada pela nova gestão”.
Antônio Carlos também é apontado como alguém que assediava moralmente profissionais que recusavam as investidas de Pedro Guimarães.
“Criou-se uma cultura de permissão no banco. Como o Pedro Guimarães fazia, todos os dirigentes se sentiam avalizados a fazer, liberados a praticar o assédio que quisessem. Assédio é um modelo de gestão dentro da Caixa. E, quando você resistia a isso, você era bloqueada na empresa - e foi isso o que aconteceu comigo. Quando eu disse não para o assédio sexual dele, fiquei carimbada como uma das que disseram não. Então, como punição, fui removida e virei alvo de assédio moral de outro dirigente - o Antonio Carlos”, relatou uma vítima ao blog.