Com 56% dos habitantes da Grande SP, capital concentra 67% dos casos e 63% das mortes confirmadas de Covid-19

Por Redação em 28/05/2020 às 20:21:15

Comparação entre a cidade de São Paulo e os demais 38 municípios da Região Metropolitana mostra que número de casos novos entre os paulistanos não apresenta sinais de desaceleração. Capital tem mais casos por 100 mil habitantes do que a Região Metropolitana

Residência de 11,8 milhões de pessoas, a cidade de São Paulo foi a primeira a ter um caso conformado de Covid-19, há quase três meses. Desde então, a doença se espalhou por todo o país, mas a capital paulista, que responde por 56% da população total da Região Metropolitana de São Paulo, ainda concentra 67% dos casos de infecção pelo novo coronavírus, e 63% das mortes confirmadas pela doença.

Considerando as mortes suspeitas, o número pode ser de quase o dobro dos 3.826 que constavam no boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado por meio do painel mantido pela Fundação Seade na quarta-feira (27).

Levando em conta os dados oficiais divulgados pela própria Prefeitura de São Paulo, o número de mortes confirmadas na quarta era mais baixo: 3.619 vítimas já confirmadas, além de outras 3.777 consideradas suspeitas.

A comparação entre o estágio atual da doença apenas na capital, em contraste com a soma nos demais 38 municípios que compõem a Grande São Paulo, mostra ainda que a taxa de incidência atual é de 415 por cem mil habitantes, quase o dobro da soma dos casos e da população do resto da região, atualmente em 219,5 casos por cem mil habitantes.

São Paulo tem 56% da população da Região Metropolitana (RMSP), mas ainda concentra 67% dos casos confirmados nos 39 municípios. São 415 casos por 100 mil habitantes.

Ana Carolina Moreno/TV Globo

Considerando a taxa de mortes, São Paulo também segue na frente: são 32 mortos por Covid-19 a cada cem mil habitantes, contra 19,5 nos demais municípios.

Enquanto a capital tem 32,2 mortos pela doença a cada 100 mil habitantes, os demais 38 municípios da Grande São Paulo somam, juntos, 19,5 mortes a cada 100 mil habitantes. A média atual da região é 26,7.

Ana Carolina Moreno/TV Globo

Plano de reabertura

Nesta quarta-feira, o governo estadual anunciou um novo plano de reabertura em cinco fases de vários setores da economia restritos desde o início da quarentena, em 24 de março. Os 17 Departamentos Regionais de Saúde do estado foram classificadas por cores de acordo com as fases em que se encontravam.

Mas, enquanto a cidade de São Paulo está na Fase 2, um nível acima das medidas mais rígidas, o resto da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ainda está na Fase 1. Portanto, enquanto a capital já pode pensar na reabertura com restrições de parte do comércio de itens não essenciais ou escritórios, cidades vizinhas, como Osasco, Guarulhos e o Grande ABC ainda devem manter fechadas as portas desses estabelecimentos.

A medida foi criticada pelos prefeitos da Grande São Paulo. Entre os argumentos, eles afirmaram, por exemplo, que milhares de trabalhadores de seus municípios se deslocam diariamente para trabalhar na capital.

Em entrevista ao SP1 desta quinta-feira (27), a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen afirmou que um dos fatores que levou a cidade de São Paulo à Fase 2 é o fato de o percentual de paulistanos que passaram a ficar em casa, após o início do monitoramento do isolamento social, foi o maior do estado.

"Esse tratamento da capital é feito em função do momento em que a capital está. A epidemia começou pela capital, então é natural que essa flexibilização comece a acontecer", afirmou ela. "A gente tem acompanhado aqui diariamente as taxas de isolamento, e a capital foi, de todas as cidades que a gente monitorou aqui, a cidade que mais praticou o isolamento. Quando a gente olha de onde partiu o número, e para onde está, apesar de a gente falar que não chegava a 65%, estamos lutando por isso, o delta de pessoas que passaram a ficar em casa, percentual foi o maior que tivemos no estado."

Ela disse, ainda, que "esse esforço coletivo da Capital surtiu efeito, porque, a partir de agora, a taxa de transmissão da epidemia começou a reduzir significativamente".

Taxa de contágio da epidemia

Uma análise do Observatório Covid-19 BR mostra que, de fato, a quarentena e o isolamento social fizeram com que a taxa de contágio do novo coronavírus caísse. No início de março, cada pessoa infectada transmitia a doença para em média de duas a três outras pessoas.

Desde abril, porém, essa taxa se mantém próxima do valor 1, o que significa que, em geral, o número de casos novos é próximo do número de pessoas recuperadas (veja abaixo).

Taxa de contágio do novo coronavírus caiu na capital e se mantém perto do valor 1. Porém, epidemiologistas afirmam que a reabertura só deve ser considerada quando a taxa passa cerca de duas semanas abaixo de 1.

Divulgação/Observatório Covid-19 BR

Especialistas alertam, porém, que esse patamar não indica que a epidemia está desacelerando, mas que ela está avançando num patamar estável.

Em entrevista ao SP2 no sábado (23), a médica epidemiologista Maria Amélia Veras, professora do departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (FCMSC), explicou que é preciso ter cautela para tomar medidas com base nesse número.

Estudo revela como isolamento reduziu taxa de contágio na capital

"A gente tem que olhar com bastante cautela para esse número porque ele é bastante sensível às mudanças no comportamento da própria população. Então, se você mantém o distanciamento por algum tempo, é possível pensar em estabilizar essa taxa. Se você modifica muito o comportamento populacional, em relação à aglomeração de pessoas, essa taxa também varia", explicou ela.

Segundo Maria Amélia, considerando que o tempo de incubação do vírus é de pelo menos 14 dias, o indicado seria aguardar até que a taxa se mantivesse constante abaixo do valor 1 antes de adotar medidas de flexibilização.

"Os países que passaram mais tempo e já estão iniciando suas saídas das medidas de isolamento precisaram esperar algumas semanas olhando para o comportamento dessa taxa, constantemente abaixo de 1. Ao lado de outros indicadores, claro, para estarem mais seguros e pensarem, então, em sair", explicou a professora.

Nesta quinta-feira (28), o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou em coletiva de imprensa que, a partir da próxima semana, espera que a taxa de contágio (RT) do novo coronavírus na cidade seja menor do que 1. Covas não mencionou, no entanto, quais estudos mostram essa projeção.

"No caso aqui do município nós já temos um RT [taxa de contágio] igual a 1 e nós já temos a expectativa de ter um RT menor que 1 na semana que vem", disse o prefeito.

O G1 perguntou à prefeitura como foi calculada a possibilidade da redução do contágio em São Paulo e aguarda retorno.

Fonte: G1

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