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Agro passa pela primeira onda de frio do ano sem prejuízos generalizados

Por Redação em 21/05/2022 às 10:41:15
Houve registros pontuais de danos. Tempestade Yakecan causou ventos de até 100 km/h no Sul e no Sudeste, mas maior parte das áreas produtoras no Centro-Sul não teve geada. Moradora registra geada em plantação de São Miguel Arcanjo (SP)

Samuel Acácio/ Arquivo Pessoal

As plantações passaram pela primeira onda de frio do ano sem prejuízos generalizados, diferente do que aconteceu no inverno de 2021. Apesar do temor de que geadas causassem danos graves em cultivos como os de hortaliças, café e cana-de-açúcar, houve apenas registros de problemas pontuais até agora.

Segundo a previsão do tempo, as temperaturas devem começar a subir neste sábado (21) em algumas regiões. Uma nova onda de frio deve ocorrer no começo de junho, mas com menor intensidade (leia mais ao fim da reportagem).

O risco era de que, principalmente, lavouras de milho do Paraná e de cana e café do Sudeste sofressem o impacto das baixas temperaturas nesta semana. Contratos futuros de café arábica em Nova York, por exemplo, chegaram a cair até 4% na última quarta-feira (18), diante dos riscos de perdas por geadas no país, que é o maior produtor mundial.

Apesar do frio ter chegado, na maioria das áreas as temperaturas não caíram ao ponto em que geadas severas podem se formar sobre as plantações, apontaram meteorologistas.

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Alívio em SP e perda no Paraná

Lucilene Doro é produtora de frutas e hortaliças em Marília (SP), produtos que costumam ser bem sensíveis à mudança de temperatura.

No ano passado, durante o inverno, a região foi afetada: "A geada queimou todos os pés de manga, teve pés que eu achei que iam ter perda total, mas se recuperaram. Perdi estufa de tomate e pepino em plena produção, café, berinjela. Perdi praticamente tudo o que eu tinha de produção", recorda.

Apesar do histórico, quando as previsões começaram este ano os agricultores da região não estavam preocupados com a possibilidade de geadas ainda em maio, segundo Lucilene.

Plantação de pepino era a maior preocupação de Lucilene Doro durante a frente fria

Arquivo pessoal / Lucilene Doro

Mesmo assim, para proteger a lavoura, ela chegou a passar um produto foliar no seu plantio, um tipo de fertilizante à base de minerais que funciona como uma proteção contra geadas.

A área em que Lucilene produz teve apenas uma leve camada de gelo no mato seco, afirma. "Para a produção não afetou nada, graças a Deus", comemora.

Plantação de tomate de Lucilene sobreviveu às geadas sem grandes danos

Arquivo pessoa / Lucilene

No Paraná, o agricultor Paulo Dutra não teve a mesma sorte. Ele também produz hortaliças, que são vendidas para grandes mercados da região de Guarapuava, na região central do estado, onde houve geada.

Para evitar prejuízos, ele cobriu as plantações com lona, mas, ainda assim, algumas plantas congelaram. "As couves, brócolis e couve-flor, não consegui cobrir, não deu tempo. A partir do momento em que cai a geada, não tem comercialização. O prejuízo do que eu não consegui cobrir é de 30% da plantação", contou à RPC e ao g1 Paraná.

Geada prejudica plantação de hortaliças, em Guarapuava

William Batista/RPC

Frio também queima

No Sul de Minas Gerais, muitos produtores não levaram as previsões a sério e não chegaram a tomar medidas contra as baixas temperaturas, diz a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Alfenas, Elvira Terra.

Ela lembra que, no ano passado, os plantios de café foram completamente queimados pelo gelo. Porém, ainda que o fenômeno acontecesse novamente, os prejuízos não seriam tão grandes, pois, diferente de 2021, o café já está em fase de colheita por lá. Com isso, as chances de perder o grão são bem reduzidas, explica a produtora.

Sem registros significativos de geadas, Elvira relata que o sul de Minas enfrentou frio e ventos fortes, atingindo até 7°C. A temperatura foi suficiente para queimar algumas folhas de café, mesmo sem geada. Contudo, ela ressalta que poucas folhas foram afetadas e de modo superficial, sem gerar grandes danos às plantações.

Café queimado

Arquivo Pessoal / Elvira Terra

Também houve registro de queimada em plantação de café em Franca (SP). O fenômeno, causado pela combinação de vento forte com o frio, deixa a borda das folhas amarronzada e ressecada.

“[A queima] acaba danificando as folhagens novas, trazendo um aspecto de necrose de tecido, mas de maneira leve. Então foi muito pontual nas áreas de baixadas das propriedades”, afirmou Marcelo Jordão Filho, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, à EPTV.

Os ventos de até 100km/h que afetaram o Sul e o Sudeste foram causados por uma tempestade subtropical que se formou no litoral gaúcho, a Yakecan.

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Ainda que não tenha havido perdas generalizadas, esse fenômeno pode danificar plantações posteriormente, diz o diretor da Cooperativa Regional Agropecuária de Santa Rita do Sapucaí (CooperRita), de Minas Gerais, Lucas Capistrano de Alckmin.

"Uma folha tem um pequeno rasgo, pequeno dano no tronco e isso acaba sendo uma porta de entrada para doenças como fungos e bactérias e também prejudica a produtividade", explica.

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Próxima onda de frio

Cesar Soares, meteorologista da Climatempo, diz que a tempestade Yakecan agora está "morrendo" e deslocando para o alto-mar na altura dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo ele, o ar frio só vai perder força a partir de quarta-feira (25), quando o sol irá aparecer mais ao longo do dia, aumentando as temperaturas.

Por enquanto, os agricultores podem respirar aliviados, pois outra onda de frio deve acontecer apenas a partir da primeira quinzena de junho e não deverá ser tão intensa quanto a que aconteceu esta semana. "Inclusive, esta deve ter sido a onda de frio mais intensa deste ano aqui no Brasil", avalia Soares.

Contudo, na falta de geadas, podem acontecer chuvas fortes. "Entra essa massa de ar polar e leva chuvas a grande parte das regiões produtoras. Do meio para o fim da semana que vem, há previsão de retorno das chuvas para grande parte do Sul do Brasil", diz Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima.

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Fonte: G1

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