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Explosão no nĂșmero de raios no Polo Norte Ă© sinal de aceleração do aquecimento global

Por Redação em 13/01/2022 às 14:29:39
Nunca houve tantos raios na região do Polo Norte como em 2021. Foram mais de 7 mil relâmpagos registrados no Ártico no ano passado, um nĂșmero assustador para uma ĂĄrea que até recentemente quase não tinha essas descargas elétricas. Para os cientistas, este é um dos sinais mais reveladores do aquecimento global.


Em 2021, foram registrados precisamente 7.278 relâmpagos acima do paralelo 80, isto é, ao norte da ponta mais ao norte da Groenlândia. O dado é do relatório anual publicado pela Vaisala, uma empresa finlandesa de acompanhamento ambiental.

Este nĂșmero representa o dobro das descargas atmosféricas que ocorreram nesta região ao longo dos Ășltimos oito anos, segundo os autores do relatório. O aumento espetacular deve ser colocado em perspectiva, jĂĄ que "apenas algumas tempestades podem produzir vĂĄrias centenas de raios", explica Sander Veraverbeke, climatologista da Universidade Livre de Amsterdã e um dos primeiros cientistas a se interessar por relâmpagos na região do Ártico.

No entanto, o simples fato de que essas descargas elétricas estejam acontecendo cada vez mais ao norte do planeta é, para um nĂșmero crescente de cientistas, um sinal preocupante da aceleração do aquecimento global.

Um vislumbre do que estĂĄ por vir

O aumento dos raios no Ártico "é de fato um indicador importante da aceleração do aquecimento global", observa Declan Finney, climatologista do Instituto de Pesquisa Ronin, em Nova Jersey. "Estamos falando do que consideramos como eventos tropicais e que estão ocorrendo cada vez com mais frequĂȘncia no Ártico", explica o especialista.

Em 2002, cientistas entrevistaram moradores da região ĂĄrtica ao norte do CanadĂĄ e "ninguém havia visto mais do que um punhado de relâmpagos em sua vida. Um dos homens mais velhos tinha visto apenas uma tempestade, setenta anos antes", aponta uma reportagem do National Geographic Channel.

Para que haja um raio no céu seguido por um trovão durante uma tempestade, é necessĂĄrio um coquetel muito especĂ­fico de elementos: alta umidade, calor na superfĂ­cie, temperaturas mais frias em altas altitudes e clima instĂĄvel. Estes elementos, até então, não eram comuns de se encontrar nas proximidades do Polo Norte, mas isso tem mudado.

Esta região oceânica sempre teve muita umidade, mas por muito tempo as baixas temperaturas da superfĂ­cie não eram propĂ­cias para a formação de relâmpagos, afirma Sander Veraverbeke. A realidade jĂĄ não é essa. "Não hĂĄ dĂșvida de que o aumento do nĂșmero de relâmpagos no Ártico é um fenômeno atribuĂ­vel ao aquecimento global", acrescenta o especialista.

É também "um aviso do que estĂĄ por vir em outros lugares", afirma Declan Finney, que faz referĂȘncia a um aumento no nĂșmero de tempestades, cada vez mais fortes pelo mundo. As temperaturas no Ártico estão subindo muito mais rĂĄpido do que no resto do planeta e, assim, servem de alerta da convulsão ambiental que virĂĄ por conta do aquecimento global.

Estima-se que as tempestades sejam mais frequentes e violentas na costa das ĂĄreas de clima temperado – caracterĂ­stico, por exemplo, da região sul do Brasil e de parte do estado de São Paulo.

Quando o Norte pega fogo

No entanto, o aumento de raios no extremo norte traz outro risco: os incĂȘndios. Nesta parte pouco povoada do mundo, não é o homem que inicia incĂȘndios florestais, mas quase sempre relâmpagos.

"Quando vocĂȘ fala do Alasca ou da Sibéria, ou de regiões ainda mais ao norte, os incĂȘndios não são a primeira coisa que vem à mente, mas houve um nĂșmero recorde de incĂȘndios na região ĂĄrtica em 2019 e em 2020", diz Sander Veraverbeke, que trabalha especificamente na interação entre o clima e os incĂȘndios.

Esses incĂȘndios são um grande problema para o clima, jĂĄ que as ĂĄreas de tundra do Norte armazenam grandes quantidades de carbono. "Os incĂȘndios nestas regiões são muito perigosos para o clima porque o solo orgânico que arde ali libera muito mais carbono por metro quadrado do que o solo em zonas temperadas", afirma Veraverbeke.

Com isso, começa um verdadeiro cĂ­rculo vicioso: a crise climĂĄtica provoca o aumento das temperaturas no Ártico, o que leva a mais tempestades e relâmpagos, o que leva a mais incĂȘndios, o que por sua vez provoca avanço do aquecimento global.

Isso sem mencionar a bomba-relógio chamada permafrost. De acordo com o especialista da Universidade Livre de Amsterdã, conforme este gigantesco "refrigerador de carbono e metano" degela, ele libera na atmosfera os gases de efeito estufa que retém sob uma camada de terra perpetuamente congelada quase 1 600 bilhões de toneladas de carbono.

Os cientistas ainda não sabem quanto os incĂȘndios e o aquecimento global irão acelerar a liberação de carbono do permafrost na atmosfera. "Esta é uma das grandes perguntas que preocupam os cientistas", diz Declan Finney. Quanto mais relâmpagos ocorrem no Ártico, mais urgente se torna "compreender o efeito dos incĂȘndios sobre o permafrost".

Fonte: G1

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