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Iniciativa pioneira cria associação para filhos adotivos com foco em direito à biografia: 'Dar visibilidade'


Assembleia é aberta ao público e acontece nesta quinta-feira (2), às 20h, pela internet. Jornalista explica objetivos da Associação Brasileira de Pessoas Adotadas

Uma iniciativa pioneira no país pretende garantir visibilidade e focar no direito à biografia das pessoas adotadas, por meio da criação da Associação Brasileira de Pessoas Adotadas (Adotiva). A entidade deve ser formalizada por meio de uma assembleia on-line nesta quinta-feira (2), às 20h, e discussões podem ser acompanhadas por interessados que preencherem um cadastro em página oficial.

A entidade foi desenvolvida por um grupo com 30 adotados em várias regiões do Brasil. Uma das idealizadoras é a jornalista e bacharela em direito Larissa Alves, 28 anos, que mora em Campinas (SP).

Além de oferecer suporte para todos os brasileiros adotados, o objetivo da associação, após ser oficializada, é trabalhar pelo aperfeiçoamento deste processo. Segundo o formulário da entidade, quem decidir participar da assembleia será considerado um sócio-fundador desta iniciativa.

"Nosso objetivo é dar visibilidade a voz dos adotivos, durante muito tempo a adoção foi falada apenas pelo viés dos pais”, explicou ao g1.

Segundo Larissa, os integrantes começaram a conversar sobre o projeto em maio.

“A associação nasceu de um sonho coletivo, a princípio alguns adotados que se movimentavam nas redes sociais. A gente se reuniu para fazer uma live e essa live acabou não rolando, mas o papo entre a gente continuou e nós falamos dessa necessidade de se organizar formalmente”.

A jornalista Larissa Alves, uma das idealizadoras do projeto

Larissa Alves/Arquivo Pessoal

'Direito à biografia'

Ao ponderar sobre metas da associação, Larissa contou que outros propósitos são os de discutir questões relacionadas à saúde mental, tipos de adoção, parcerias em pesquisas acadêmicas e levantamento de dados. Para ela, é preciso ampliar as políticas públicas de adoção.

“Uma família para ser saudável não é só a gente usar a frase rasa "adoção por amor" e esquecer dessa questão da saúde mental e o direito à biografia. O direito à biografia é muito importante, todo mundo precisa saber de onde veio e por que existe. Só fala que não é importante isso quem teve acesso à história”, frisou.

A jornalista disse que foi adotada ainda bebê pela família, que já tinha três filhos, e considera que só entendeu o significado da adoção já na fase adulta. "Eu soube que eu era adotada aos 4 anos, mas eu só fui entender o que era ser adotada aos 25, quando conheci outra pessoa adotada em outro estado."

Ela lembrou que durante este processo de descoberta se deparou com sentimentos conflitantes e, por isso, reforçou que a existência de uma associação de apoio teria sido fundamental naquela fase.

"É um impacto extremamente positivo porque a gente precisa entender que está tudo bem sentir o que a gente sente, que não é errado, está tudo bem e existem outras pessoas que sentem o mesmo."

Jornalista de Campinas é uma das idealizadoras de associação

Larissa Alves/Arquivo Pessoal

Validar sentimentos

Outro idealizador do projeto é o jornalista Alexandre Lucchese, 39 anos, morador de Porto Alegre (RS). Ele falou que a associação também visa oferecer um espaço de validação das emoções.

"O principal fator dessa associação é validar os sentimentos dos adotados [...] A gente se encontrar, enquanto adotivos, pode ser positivo, no sentido da gente se encontrar no outro", afirmou.

Jornalista escreveu livro para reunir relatos de pessoas adotadas

Alexandre Lucchese/Arquivo Pessoal

Assim como Larissa, ele também foi adotado na infância e relatou que o assunto sempre foi tratado com naturalidade pela família. "Meus pais sempre deixaram claro que eu sou filho adotivo, sempre falaram isso abertamente, nunca foi um tabu dentro da minha casa, nunca foi um segredo."

Por outro lado, ele enfatizou que se deparou com emoções conflitantes na adolescência e fase adulta. "Sempre soube que sou adotado, mas fui descobrindo o que significava a adoção na minha vida a partir dos meus 30 anos. Porque a gente não fala sobre adoção do ponto de vista dos filhos no Brasil."

O jornalista lembrou ainda que, no ano passado, lançou o livro "Vida de adotivo" para contar não somente sobre a própria história e busca pela família biológica, mas para reunir mais 12 histórias.

O jornalista Alexandre Lucchese, na infância

Alexandre Lucchese/Arquivo Pessoal

*Sob supervisão de Arthur Menicucci e Fernando Pacífico.

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