Déficit da bandeira tarifária atingiu R$ 9,87 bilhões em setembro, diz Aneel

Por Redação em 08/11/2021 às 21:09:25
Arrecadação tem sido insuficiente para cobrir custos da geração adicional de energia. Desde outubro de 2020, governo conta com acionamento de usinas termelétricas, mais caras. O déficit de arrecadação do sistema de bandeiras tarifárias nas contas de luz atingiu um acumulado de R$ 9,87 bilhões até setembro deste ano, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

De acordo com o balanço da Aneel, a receita adquirida com o acionamento da bandeira escassez hídrica em setembro totalizou R$ 2,81 bilhões.

Essa arrecadação, no entanto, não foi suficiente para cobrir os elevados custos da produção de energia adicional, nem para compensar o saldo negativo que já havia sido registrado em meses anteriores. Com isso, em vez de cair, o déficit aumentou.

Até agosto, por exemplo, o rombo no sistema de bandeiras estava em R$ 8,06 bilhões. Mesmo com a bandeira escassez hídrica, que encareceu as contas de energia em meio à crise de abastecimento dos reservatórios das hidrelétricas, não foi possível reverter esse quadro.

Veja no gráfico a trajetória do déficit acumulado durante o ano de 2021:

Bandeira escassez hídrica

A bandeira escassez hídrica entrou em vigor em setembro, em uma tentativa de cobrir os custos adicionais diante das medidas adotadas para enfrentar a escassez hídrica, como o acionamento das usinas termelétricas – mais caras – e a importação de energia da Argentina e do Uruguai.

Durante o anúncio da nova bandeira, no final de agosto, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, defendeu que a arrecadação com a bandeira escassez hídrica conseguiria zerar o déficit até abril de 2022, último mês de vigência da bandeira.

Relembre o anúncio no vídeo abaixo:

Governo anuncia bandeira tarifária 'escassez hídrica'; custo será de R$ 14,20 a cada 100 kWh

Normalmente, quando a conta das bandeiras tarifárias termina o ano com déficit, o custo é repassado aos consumidores no ano seguinte, junto com o reajuste de cada distribuidora de energia.

O sistema de bandeiras foi criado em 2015 e aplica uma cobrança adicional às contas de luz sempre que aumenta o custo da produção da energia no país.


Entenda as bandeiras tarifárias — Foto: G1
Entenda as bandeiras tarifárias


Cenário ainda requer atenção

Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) informou que "permanece a situação de atenção e o monitoramento permanente" mesmo com o aumento do nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

Especialistas avaliam que ainda não é o momento de relaxar as medidas adotadas para poupar os reservatórios.

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro, será preciso continuar contratando energia de termelétricas.

"Como nós estamos com nível de reservatórios ainda muito baixo, 18,5%, é muito importante a segurança prevalecer. Como? Mantendo as termelétricas em funcionamento para que esse nível de reservatório possa ir aumentando e chegar em abril [de 2022] num nível superior ao que nós enfrentamos em 2021", afirmou o coordenador do grupo de estudos.

Por outro lado, Nivalde de Castro lembra que poupar os reservatórios através do acionamento das térmicas aumenta o custo de produção de energia, encarecendo a conta de luz.

"Um aspecto importante é que, do outro lado da moeda dessa decisão de manter as termelétricas em funcionamento, é que as tarifas vão se manter em patamar muito elevado", disse.

Nível das principais hidrelétricas do Brasil é o mais baixo para a época em duas décadas

Fonte: G1

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