Camargo foi afastado dos atos de gestão pelo judiciário após denúncia do Ministério Público que o acusa de perseguição político-ideológica, discriminação e tratamento desrespeitoso. G1 aguarda posicionamento do presidente da Fundação Palmares.
O juiz Gustavo Carvalho Chehab, da 21ª Vara do Trabalho de Brasília, determinou, nesta sexta-feira (22), que o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, retire de suas redes sociais postagens que sejam contrárias à sua decisão, que o afastou de atos de gestão na fundação. Desde 11 de outubro, Camargo está proibido de nomear ou exonerar funcionários.
O juiz determinou ainda que o Instagram forneça mensagens de Camargo e da Fundação, inclusive as que foram excluídas, desde novembro de 2019 (saiba mais abaixo). Diz o documento:"OFICIE-SE ao Instagram para que: i) tome ciência da decisão proferida por esse Juízo em Tutela Antecipada; ii) forneça a esse juízo todas as mensagens postadas por quaisquer dos réus (Fundação Cultural Palmares e Sérgio Nascimento de Camargo) desde 26/11/2019, inclusive as que tiverem sido excluídas, especialmente da conta @sergiodireita; iii) informe ou disponibilize acesso a este juízo para, se necessário em face da tutela cautelar imposta, permitir o envio imediato de eventuais ordens judiciais que se fizerem necessárias; iv) avalie a necessidade de marcar ou de excluir mensagens e manifestações de terceiros (inclusive de mero apoio), anteriores, atuais ou futuras, de contas dos réus que violem os direitos fundamentais da pessoa humana, ofendam à dignidade da Justiça, de qualquer dos sujeitos desse processo ou de órgãos ou profissionais de Imprensa, constituam, em tese, ilícito penal, assédio moral, cyberbullying, intimidação, ofensa ou ameaça ou quebrem as regras de uso da sua rede". Segundo o magistrado, as audiências de instrução do caso serão realizadas no começo de dezembro. Gestão polêmicaA nomeação de Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares foi oficializada em 27 de novembro de 2019 e gerou uma série de críticas e indignação. Em uma publicação, antes de ser nomeado para o cargo, o jornalista classificou o racismo no Brasil como "nutella"."Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda", disse Camargo na ocasião.Ele também postou, em agosto de 2019, que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes". "Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África", completava a publicação.Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo afirmou que o "feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial". Ele disse que a data "causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo".O presidente da fundação também postou em uma rede social que "sente vergonha e asco da negrada militante". "Às vezes, [sinto] pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda", escreveu.Em 13 de maio, aniversário da Lei Áurea, Sérgio Camargo publicou artigos depreciativos a Zumbi no site oficial da instituição. Em redes sociais, disse que Zumbi é "herói da esquerda racialista; não do povo brasileiro. Repudiamos Zumbi!".
Fonte: G1