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Delegados avaliam que decisão sobre Ramagem encerra conflito de interesses na PF

Por Redação em 29/04/2020 às 11:59:21

Reservadamente, delegados da PF entendem que a decisão de suspender a nomeação de Ramagem resgata princípio da imparcialidade para o comando da instituição.

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de suspender a nomeação do diretor-geral da PF, Alexandre Ramagem, repercutiu na corporação. Reservadamente, delegados dizem que a decisão encerra conflito de interesses gerado pela escolha de Ramagem, que é amigo pessoal da família Bolsonaro.

Nos bastidores, delegados dizem que apesar de notas de apoio oficiais (de associações ligadas a eles) darem boas-vindas a Ramagem, o clima interno na PF é outro. HĂĄ incômodo, percepção de instabilidade e receio de interferência desde a negociação em torno do nome de Ramagem até a decisão que o oficializou no cargo.

Delegados lembram que o inquérito que vai investigar denúncias do ex-ministro Sergio Moro contra o presidente poderia ter um delegado escolhido a partir de critérios e influência de Ramagem, aliado de Bolsonaro, se a nomeação fosse concretizada.

Esses mesmos delegados questionam nos bastidores: se, eventualmente, alguma investigação chegar a integrantes da família Bolsonaro ou de aliados da família, como ficaria a imparcialidade de Ramagem?

A proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro causou contestações no meio político à escolha dele para chefiar a PF.

A relação com o presidente e os filhos dele começou na eleições de 2018, quando Ramagem chefiou a equipe de segurança do então candidato Bolsonaro. Candidatos tem direito à segurança da PF.

Na réveillon de 2019, Ramagem foi fotografado em festa ao lado do filho do presidente Carlos Bolsonaro, que é vereador do município do Rio de Janeiro (veja foto abaixo).

Ramagem, ao lado esquerdo do vereador Carlos Bolsonaro, festejou a virada de 2018 para 2019 com o filho do presidente

Reprodução

Enquanto não houver uma definição na PF, o cargo de diretor-geral serĂĄ exercido pelo atual diretor-executivo, Disney Rosseti. Ele era o nome preferido de Moro para a substituição de Valeixo, caso Bolsonaro quisesse realmente insistir na troca de comando na PF.

Histórico

Ramagem foi escolhido pelo presidente da República para chefiar a PF em substituição a Maurício Valeixo.

A demissão de Valeixo por Bolsonaro levou à saída do então ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal.

Na decisão em que suspendeu a nomeação, Moraes citou as alegações de Moro e afirmou que pode ter ocorrido desvio de finalidade na escolha de Ramagem, "em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público."

Moraes ressaltou as afirmações do ex-ministro da Justiça que dão conta de que Bolsonaro queria "ter uma pessoa do contato pessoal dele" no comando da PF, "que pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência".

"Tais acontecimentos, juntamente com o fato de a Polícia Federal não ser órgão de inteligência da Presidência da República, mas sim exercer, nos termos do artigo 144, §1o, VI da Constituição Federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciĂĄria da União, inclusive em diversas investigações sigilosas, demonstram, em sede de cognição inicial, estarem presentes os requisitos necessĂĄrios para a concessão da medida liminar pleiteada", afirmou Moraes na decisão.

Editoria de Arte / G1

Fonte: G1

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