O Ministério da Agricultura liberou mais 53 agrotóxicos para uso dos agricultores nesta quarta-feira (29), segundo publicação do Diário Oficial. Dois deles são inéditos e 51 são genéricos.MPF abre três inquéritos para apurar atuação do governo Bolsonaro na área ambientalNo total, o governo já autorizou o uso de 411 defensivos neste ano: 138 princípios ativos usados na fabricação de pesticidas e 273 produtos prontos, que vão para uso direto do agricultor. Estes últimos são chamados também de produtos formulados.Ao todo 9 produtos registrados são considerados de baixo impacto, englobando produtos biológicos, microbiológicos, fitoquímicos e semioquímicos. Os 44 restantes são químicos.InéditosOs dois agrotóxicos inéditos são o fitoquímico cinamaldeído, que é feito a partir de plantas, e o biológico Purpureocillium lilacinum, feito a partir do fungo.O primeiro foi registrado para uso na cultura do morango no controle do fungo Sphaerotheca macularis, que causa uma doença chamada oídio, e do Mycosphaerella fragariae. Ambos se manifestam com manchas nas plantas. Segundo o ministério, até o momento não existia nenhum produto registrado para controle de oídio em morango. Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cinamaldeído é considerado um "Produto Pouco Tóxico" e "pouco perigoso ao meio ambiente", segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).O outro produto inédito é o Purpureocillium lilacinum, usado no controle dos nematóides Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica, que provocam problemas como o nanismo, murcha e pouco desenvolvimento das culturas.De acordo com o ministério, essas pragas afetam diferentes produtos, como o algodão, batata, cana-de-açúcar, cenoura, fumo, pepino e soja. O defensivo é classificado como "Produto Improvável de Causar Dano Agudo", pela Anvisa e "Pouco Perigoso ao Meio Ambiente", pelo Ibama.Registros em 2021Até agora, são 16 princípios ativos inéditos no ano, sendo 7 pesticidas biológicos e 9 químicos.Os outros 395 registros são de genéricos, sendo:204 ingredientes químicos de agrotóxicos que são vendidos aos agricultores;58 pesticidas biológicos vendidos aos agricultores;133 princípios ativos para a indústria formular agrotóxicos.
Registro de agrotóxicos no Brasil
Agrotóxicos inéditos em 2021Veja os outros agrotóxicos inéditos liberados este ano: Isofetamida (uso industrial): usado para o controle de mofo-branco e mofo-cinzento;Ametoctradina (uso industrial): usado para combater a requeima e a míldio, uma doença que faz a folha das plantas mofarem e pode levar até a sua queda prematura;Neoseiulus barkeri (uso dos agricultores): primeiro produto no Brasil registrado para controle do ácaro vermelho das palmeiras, uma das principais pragas dos coqueiros. Ele também pode ser recomendado para o controle do ácaro branco.Neochrysocharis formosa (uso dos agricultores): controla a larva minadora (Liriomyza sativae); Neoseiulus idaeus (uso dos agricultores): é recomendado para controle de ácaro rajado (Tetranynchus urticae);Goemon (uso dos agricultores): feito à base do ingrediente ativos novo ciclaniliprole, registrado para controle da lagarta de Helicoverpa armigera nas culturas de algodão, milho e soja;Kenja (uso dos agricultores): feito à base de isofetamida, fungicida para controle do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) nas culturas de soja, feijão, batata, tomate e alface.Ciclaniliprole (uso da indústria): inseticida usado para fabricar produtos que combatem lagartas nas lavouras de algodão, milho, soja.Oxatiapiprolim (uso da indústria): fungicida usado para fabricar pesticidas usados em culturas como batata, alho, cebola, tomate, alface;Kamuy (uso dos agricultores): à base de Fenpyrazamina, misturado com um outro ingrediente antigo. O agrotóxico serve para controlar o mofo branco, uma doença fungicida que ataca diversas culturas agrícolasHalauxifen-metil (uso da indústria): herbicida indicado para plantas daninhas de difícil controle;Adengo (uso dos agricultores): permitem o controle de plantas daninhas, tanto de folha estreita quanto de folha larga, na cultura do milho;Rudder (uso dos agricultores): feito à base do Bacillus velezensis, que serve para controlar a fusariose, uma doença causada por um fungo chamado "Fasarium solani". Esta doença provoca o apodrecimento das raízes das plantas e pode atingir diferentes culturas;Bionema (uso dos agricultores): também é feito à base do Bacillus velezensis, com o mesmo intuito do Rudder;Como funciona o registroA permissão para um novo agrotóxico no país passa por 3 órgãos reguladores:Anvisa, que avalia os riscos à saúde;Ibama, que analisa os perigos ambientais;Ministério da Agricultura, que analisa se ele é eficaz para matar pragas e doenças no campo. É a pasta que formaliza o registro, desde que o produto tenha sido aprovado por todos os órgãos.Tipos de registros de agrotóxicos:Produto técnico: princípio ativo novo; não comercializado, vai na composição de produtos que serão vendidos.Produto técnico equivalente: "cópias" de princípios ativos inéditos, que podem ser feitas quando caem as patentes e vão ser usadas na formulação de produtos comerciais. É comum as empresas registrarem um mesmo princípio ativo várias vezes, para poder fabricar venenos específicos para plantações diferentes, por exemplo;Produto formulado: é o produto final, aquilo que chega para o agricultor;Produto formulado equivalente: produto final "genérico".Método de divulgaçãoO governo alterou a forma de divulgação do registro de agrotóxicos em 2019. Até então, o ministério anunciava a aprovação dos pesticidas para a indústria e para os agricultores no mesmo ato dentro do "Diário Oficial da União".O sistema passou a levar em conta a aprovação dos dois tipos de agrotóxicos: os que vão para indústria e os que vão para os agricultores.Segundo o Ministério da Agricultura, a publicação separada de produtos formulados (para os agricultores) e técnicos (para as indústrias) tem como objetivo "dar mais transparência sobre a finalidade de cada produto".
G1