Movimento de pacificação começou com contato de Ciro e Lira com Moraes, intermediado por Gilmar

Circunstâncias forçaram Bolsonaro a recuar em suas falas golpistas

Sabe-se agora que um movimento político importante antecedeu o recuo desta quinta-feira (9) do presidente Jair Bolsonaro. Na quarta (8), o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversaram com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, num contato intermediado pelo ministro Gilmar Mendes.

Começou ali a busca pelo apaziguamento das tensões entre o Executivo e o Judiciário. Na quinta (9), o movimento culminou com a divulgação de um manifesto de Bolsonaro, voltando atrás em falas golpistas, e com uma ligação do presidente para Moraes. O ex-presidente Michel Temer fez a ponte nesse caso.

Moraes foi o principal alvo de ataques de Bolsonaro e de bolsonaristas nos atos antidemocráticos de 7 de setembro.

Na tarde seguinte às ameaças feitas contra o ministro, Ciro Nogueira e Lira entraram em cena. Eles foram ao STF para conversar pessoalmente com o ministro Gilmar. E foi nesse momento que o decano da Corte colocou os dois em contato com Moraes.

O gesto foi visto como uma espécie de prévia do que aconteceria no dia seguinte.

Ministros do STF ouvidos pelo blog avaliaram como positivo o recuo de Bolsonaro. Mas o ambiente na Corte é de desconfiança em relação a duração dessa mudança de atitude. "Estamos igual a São Tomé: é preciso ver para crer", resumiu um integrante do STF.