O silĂȘncio prolongado do presidente Jair Bolsonaro sobre a conversa com os irmãos Miranda no PalĂĄcio da Alvorada jĂĄ causa saia-justa para a chamada tropa de choque do governo na CPI da Covid.
Em depoimento à CPI, em junho, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da SaĂșde, disseram ter relatado a Bolsonaro as suspeitas de irregularidades envolvendo o contrato para aquisição da vacina Covaxin.
Senadores governistas não escondem o desconforto com as vĂĄrias versões sobre o episódio, além da ausĂȘncia de uma fala contundente do próprio Bolsonaro para pautar a defesa polĂtica dele na CPI.
Antes do depoimento dos irmãos Miranda, Bolsonaro disse que se reuniu com eles, mas que não foi avisado sobre as suspeitas. O ex-ministro da SaĂșde Eduardo Pazuello, porém, diz que foi acionado por Bolsonaro e que a pasta não encontrou irregularidades.
Carta da CPI
Isso porque a cĂșpula da CPI enviou uma carta a Bolsonaro (vĂdeo acima) pedindo a ele que se manifeste sobre o depoimento de Luis Miranda. A correspondĂȘncia é assinada por Omar Aziz (PSD-MA), presidente da CPI; Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice; e Renan Calheiros (MDB-AL), relator.
Segundo Luis Miranda, ao ouvir as suspeitas sobre a Covaxin, Bolsonaro disse que era "coisa" do deputado Ricardo Barros (PP-PR), lĂder do governo na Câmara.
Em transmissão ao vivo em rede social, nesta quinta (8), o presidente afirmou que não vai responder à carta da CPI.
"Fica difĂcil falar sobre esse tema quando não hĂĄ um norte seguro por parte do Planalto", desabafou ao blog um senador governista.
Nesta quinta, Barros discursou na tribuna da Câmara e se defendeu das acusações contra ele. O deputado quer que a CPI antecipe para antes do recesso o depoimento dele à comissão, marcado para o próximo dia 20.