Paulo Guedes fala em direcionar alimentos desperdiçados a programas sociais

Por Redação em 17/06/2021 às 12:18:51
Ministro da Economia comparou prato brasileiro ao dos europeus de classe média, e disse que aqui 'fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme'. Ministérios vão debater o assunto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (17) que o governo estudará formas de direcionar alimentos desperdiçados pelas famílias brasileiras aos programas sociais – inclusive ao Bolsa Família, em processo de reformulação.

O governo tem a intenção de aumentar o número de famílias beneficiadas e o valor pago no programa social, que deve mudar de nome. No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro falou em pagar R$ 300 mensais – hoje, o valor máximo é R$ 190.

"Pode ser parte desse programa que vamos lançar, justamente uma parte jurídica, ou de regulamentação, que na verdade pode ser até desregulamentação. É a gente justamente facilitar essa conexão entre as políticas sociais, de um lado, e o desperdício que ocorre do outro", disse Guedes, durante evento virtual do setor supermercadista.

"A gente pode dar um incentivo para que tudo isso que seja perdido, ao invés de ser jogado fora, seja transformado e justamente canalizado para os programas sociais. Como se fossem postos de atendimento, para que isso possa ser endereçado aos mais necessitados", complementou.

Brasileiro desperdiça, por ano, 41 quilos de comida

Em 2019, o Jornal Nacional mostrou que cada brasileiro manda para o lixo mais de 41 quilos de comida por ano (vídeo acima). Em uma família com três moradores, esse volume chega perto dos 130 quilos. O país descarta, por ano, quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico – basicamente, restos de alimento. É quase 50% de todo o lixo recolhido no país

"Você vê um prato de um [cidadão] classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos. E os nossos aqui, fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme. E isso vai até o final, que é a refeição da classe média alta. Até lá, há excessos", disse o ministro da Economia.

Segundo Guedes, um grupo interministerial será formado com as pastas de Cidadania e de Agricultura para debater o tema. O ministro não informou data para o anúncio de uma proposta final.

Veja, no vídeo abaixo, o que vem sendo discutido sobre o novo Bolsa Família:

Entenda como funcionaria novo programa social que pode substituir o Bolsa Família

O que já existe

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto que autoriza estabelecimentos como bares e restaurantes a doarem refeições ou alimentos prontos que não forem vendidos.

A doação, segundo a proposta, será permitida desde que os itens ainda estejam próprios para o consumo – e a punição só ocorrerá se ficar comprovado que algo estragado foi doado de forma intencional.

Pelas regras, as doações poderão ser feitas a populações carentes ou vulneráveis como, por exemplo, os sem-teto. Esse processo poderá ser intermediado por entidades beneficentes ou pelos governos.

Nesta quinta-feira, Guedes afirmou que o desperdício no Brasil não acontece somente nos restaurantes e nas mesas dos brasileiros, mas também na produção e durante o transporte. Veja, abaixo, reportagem de 2019 sobre o tema:

Desperdício em supermercados: R$ 7,3 bilhões em alimentos vão para o lixo por ano

Segundo ele, é importante fazer o encadeamento de como utilizar os "excessos" que estão em restaurantes, dia após dia, com as políticas de assistência sociais.

"Toda aquela alimentação que não for utilizada ali durante aquele dia no restaurante dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda que estraga diariamente na mesa das classes mais altas brasileiras. E também o desperdício ao longo de toda cadeia produtiva", declarou.

Hoje, diversas cidades e estados brasileiros já atuam com "bancos de alimentos" – organizações voltadas justamente para aproveitar alimentos com desvantagens para a comercialização (por estarem manchados ou menores que a média, por exemplo) e endereçar a famílias carentes ou entidades sociais.

Não há, no entanto, um programa do governo federal a esse respeito. O Sesc, entidade do sistema S ligada ao comércio, mantém uma rede de banco de alimentos chamada Mesa Brasil – veja como ajudar.

Fonte: G1

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