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'O crescimento não virá sozinho pela força da gravidade', diz Gustavo Franco, ex-presidente do BC

Por Redação em 11/06/2021 às 22:41:06
Economista afirmou que país não está sendo capaz de avançar e que sensação é de "tempo perdido". Ele lançou o livro “Lições Amargas: Uma História Provisória da Atualidade”. Gustavo Franco foi presidente do Banco Central e ficou conhecido pela implantação do Plano Real

Fiesc/Divulgação

A coleção de indicadores recentes apontando a recuperação da economia brasileira não anima o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco.

Segundo o economista, a melhora representa apenas o retorno para onde estávamos antes da pandemia e onde estávamos nos últimos 20 anos. Além disso, o país está há muitos anos debruçado sobre o tema do desenvolvimento econômico, com um cardápio de reformas à sua frente.

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Não fazemos as reformas, não saímos do lugar e estamos esperando uma recuperação conjuntural. O crescimento não virá sozinho pela força da gravidade. Virá dos esforços reformistas bem-sucedidos que formos capazes de empreender. A normalização agora nos põe de volta ao ponto de partida do jogo. Mas não estamos sendo capazes de avançar, infelizmente”, disse Franco.

A analogia entre o curto prazo marcado pela pandemia e as últimas décadas é feita pelo economista no recém-lançado livro “Lições Amargas: Uma História Provisória da Atualidade”.

“As duas trajetórias são frustrantes. A sensação é de tempo perdido. Todos tínhamos anos atrás a expectativa de que o Brasil seria um país rico e isso não aconteceu. É frustrante”.

Ele ressalta que países que deram certo nas últimas décadas em matéria de desenvolvimento econômico, que transitaram de uma situação de renda média e se tornaram ricos, colocaram em prática muitas ações que estão consagradas nos livros de economia.

“Se a gente não adotar as melhores práticas internacionais em economia, em meio ambiente, em contabilidade, as coisas não vão funcionar. E, no entanto, por serem práticas internacionais, a gente acha que é uma submissão ao imperialismo adotar o que o resto do mundo adotou e deu certo. É mais ou menos o que acontece nessa discussão sobre a ciência. Aqui no Brasil, nós temos um ambiente muito amistoso para as visões alternativas sobre economia. A gente quer sempre fazer diferente. E não funciona”, avalia.

Segundo o economista, as recuperações no Brasil não são mais do que conjunturais e efêmeras. Ele cita o caso da Coreia do Sul, que nos anos 80 tinha o mesmo nível de renda do Brasil e hoje é três vezes mais rica do que nós.

“Nós ficamos para trás. E não vamos sair do buraco se não reconhecermos que estamos no buraco. Temos toda a capacidade de sair e criar uma economia dinâmica. Mas não fazendo tudo o que temos feito”.

Ele diz que a pandemia talvez tenha nos ensinado o valor da medicina convencional, assim como de outras áreas do conhecimento, onde se acumulou experiências e sabedorias que podem ser aproveitadas.

"Isso não é mau. Mau é fingir que isso não existe. É o negacionismo.”

Fonte: G1

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