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Ex-secretário de Comunicação foi acusado por relator de mentir à CPI da Covid. Página Governo do Brasil, em uma rede social, divulgou imagem com slogan "O Brasil não pode parar". Fabio Wajngarten nega ter apresentado campanha 'Brasil não pode parar'O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten negou, durante depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (12), que a campanha publicitária intitulada “O Brasil não pode parar” tenha sido divulgada em página oficial do governo.Entretanto, em março do ano passado, o perfil Governo do Brasil, no Instagram – que é gerenciado pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) – postou uma foto com o slogan (abaixo).Mensagem e foto publicadas pelo perfil Governo do Brasil com a mensagem "O Brasil não pode parar"Reprodução/InstagramA imagem era acompanhada do seguinte texto: “No mundo todo, são raros os casos de vítimas fatais do #coronavírus entre jovens e adultos. A quase-totalidade dos óbitos se deu com idosos. Portanto, é preciso proteger estas pessoas e todos os integrantes dos grupos de risco, com todo cuidado, carinho e respeito. Para estes, o isolamento. Para todos os demais, o distanciamento, atenção redobrada e muita responsabilidade. Vamos, com cuidado e consciência, voltar à normalidade. #oBrasilNãoPodeParar.”O texto que acompanha a postagem faz referência indireta à tese do “isolamento vertical”, segundo a qual somente os mais idosos e integrantes de grupos de risco devem ficar em casa como forma de evitar contrair a Covid. A medida, considerada inviável e ineficaz por especialistas, foi defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.O jornal “O Globo” mostrou que, após repercussão negativa, a publicação foi excluída do perfil oficial do governo. Uma juíza do Rio de Janeiro chegou a proibir o governo de veicular a campanha “O Brasil Não Pode Parar”.Inicialmente, no depoimento à CPI, o ex-secretário não soube dizer se a campanha havia sido elaborada pela Secom."Na primeira semana de março, eu fui para os Estados Unidos com o presidente e, de lá, fiquei internado em casa por causa da Covid, senadora. É exatamente por isso que eu lamento não poder responder para a senhora", afirmou Wajngarten à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).Entretanto, em "live" com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no dia 12 de março de 2020, Wajngarten afirmou que, mesmo com a doença e em isolamento, estava trabalhando “normal”, inclusive, aprovando campanhas.Depois, novamente questionado sobre o assunto, ele alegou ter se "lembrado do tema" e reconheceu que a campanha era de autoria da Secretaria de Comunicação."De fato, as peças foram concebidas. De fato, as peças estavam em fase de avaliação ", declarou o depoente.Senadores de oposição ao governo classificaram como “negacionista” a referida campanha, que também seria composta por um vídeo.Segundo Wajngarten, a campanha não foi autorizada e parte de seu conteúdo teria sido divulgado acidentalmente pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, à época na Secretaria de Governo, pasta à qual a Secom era subordinada.“O ministro Ramos assumiu esse vazamento ou esse disparo acidental ainda numa fase de teste”, declarou.Durante a reunião da CPI, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), perguntou se nenhum órgão formal de comunicação do governo veiculou a campanha. O ex-secretário respondeu “não” e acrescentou que não concedeu autorização para a divulgação.Após essa resposta, o relator se irritou. Ele afirmou que Wajngarten mentiu porque a postagem havia sido publicada no perfil Governo do Brasil.Durante a reunião, Renan Calheiros defendeu a prisão de Wajngarten por falso testemunho, o que acabou não ocorrendo. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que enviará o depoimento do ex-secretário de Comunicação ao Ministério Público Federal, para que o órgão avalie se o empresário incorreu no crime.VÍDEO: 'Não tenho certeza se é da autoria da Secom', diz Wajngarten sobre campanha O Brasil Não Pode PararNotas à imprensaDuas notas da Secom, publicadas em março de 2020, sobre a campanha ainda constam do site da secretaria. Na primeira, a secretaria diz que a peça "seria proposta inicial para possível uso nas redes sociais, que teria que passar pelo crivo do Governo. Não chegou a ser aprovada e tampouco veiculada em qualquer canal oficial do Governo Federal”.Na segunda nota, a Secom afirma: "Não existe qualquer campanha publicitária ou peça oficial da Secom intitulada 'O Brasil não pode parar'" e reitera que o governo não efetuou qualquer postagem.VÍDEOS: Fabio Wajngarten na CPI