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'Quem segura essa casa é Deus', diz moradora de casa com risco de desabamento em Fortaleza

Por Redação em 04/12/2020 às 15:53:32
Defesa Civil identificou três ocorrências no Bairro Barra do Ceará e busca notificar os proprietários. Moradores explicam que a construção de edificações sobre lixão nos anos 1970 pode ter influenciado nos problemas estruturais. Rua Morro Branco, na Barra do Ceará, tem casas com rachaduras e base rebaixada.

José Leomar

“Quem segura essa casa é Deus”, desabafa a doméstica Maria Alicy, 73 anos, moradora há mais de 40 deles de uma esquina da Rua Morro Branco, na Barra do Ceará, em Fortaleza. A edificação duplex, que divide com o esposo, de 82 anos, e as famílias de mais quatro filhos, apresenta dezenas de descascamentos e rachaduras. Não é errado dizer: a casa está ficando torta, como se o terreno que a sustenta estivesse cedendo e as paredes, incapazes de se manterem unidas, se descolando umas das outras.

“O que eu tenho gasto nessa casa dava pra eu ter feito um apartamento lá na Aldeota”, explica ela, em referência ao bairro nobre da capital cearense. “A gente já trabalhou muito nela. Nunca tivemos o prazer de dizer "nosso 13º vai ser pra fazer uma viagem", porque o dinheiro vem pra cá. A vida da gente é essa”, conta.

Casa da doméstica Maria Alicy tem dezenas de descascamentos e rachaduras.

José Leomar

O rebaixamento da base é a causa apontada por um dos vizinhos dela, o comerciante José Ribamar dos Santos, 69, que habita a rua também há 40 anos. Segundo ele, desde a década de 1970, a área era utilizada como um lixão - na verdade, esse uso ocorreu entre 1961 e 1965. Os registros históricos indicam que, a partir do chamado “Lixão da Barra”, surgiram os primeiros catadores da cidade.

Com o tempo, a ocupação habitacional foi ganhando espaço e, na última década, as construções começaram a ficar abaladas. O próprio Ribamar diz que, há dois anos, reformou a casa dele. Mesmo assim, pequenas rachaduras voltam a riscar as paredes brancas.

“Racha aqui, eu faço. Racha ali, eu faço. Se rachar de novo, tenho que tomar alguma providência, é o jeito. Não sei daqui a uns anos, porque o terreno vai cedendo”, lamenta.

Na rua, um dos casos mais graves é o de um edifício duplex, interditado pela Prefeitura de Fortaleza desde outubro de 2014. No local, uma família ocupava seis pequenos apartamentos. A reportagem entrou no prédio e verificou sinistros profundos que, segundo os donos, pioram ano a ano. Um deles chegou a dizer que tem medo de entrar na edificação, pelo risco de desabamento, e que não sabe se a estrutura aguenta mais uma quadra chuvosa.

Imóvel da Rua Morro Branco

José Leomar

Os donos chegaram a ingressar com ação judicial contra a Companhia de Habitação do Ceará (Cohab), tecnicamente dona do terreno, para conseguir um alvará de demolição e, assim, evitar que o imóvel prejudique prédios vizinhos - incluindo uma escola de educação infantil e ensino fundamental que fica em frente a ele.

No processo judicial ao qual o G1 teve acesso, a Cohab alegou que o Conjunto Planalto das Goiabeiras, onde o imóvel está construído, “encontra-se em fase de Regularização Fundiária junto ao Cartório de Registro de Imóveis, de modo que ainda não foi regularizado”.

Detalhe da rachadura em uma das casas da Rua Morro Branco.

José Leomar

A Defesa Civil de Fortaleza informou que já esteve na Rua Morro Branco e atendeu a três ocorrências. Duas moradias estavam fechadas e não foi possível entrar para verificar a situação. “O próximo passo é identificar e localizar os proprietários para que os agentes possam entrar nas casas”, declarou.

Na terceira, os agentes identificaram risco de desabamento e o proprietário já foi notificado.

“Em caso de risco, a Defesa Civil de Fortaleza deve ser acionada via Ciops, através do fone 190. As equipes trabalham em regime de plantão, 24h, para atender as ocorrências demandadas pela população”, completa o órgão.

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Fonte: G1

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