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Turma do STF forma maioria para perda de mandato e 10 anos de prisão para Zambelli por invasão do sistema do CNJ

Por Redação em 09/05/2025 às 18:37:37

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira (9) para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A decisão foi tomada em sessão virtual, e os ministros seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes.

A maioria propôs as seguintes condenações:

Carla Zambelli: 10 anos de prisão em regime inicialmente fechado, pagamento de multa, perda do mandato parlamentar (a ser declarada pela Câmara dos Deputados após o trânsito em julgado) e inelegibilidade.

Walter Delgatti: 8 anos e 3 meses de prisão em regime inicialmente fechado e pagamento de multa. Ele jĂĄ cumpre prisão preventiva.

Indenização: Ambos também terão que pagar uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

Votaram nesse sentido os ministros Alexandre de Moraes, FlĂĄvio Dino e Cristiano Zanin. Ainda faltam os votos de dois ministros da turma.

Crimes

A maioria da turma entende que Carla Zambelli e Walter Delgatti cometeram os crimes de invasão de dispositivo informĂĄtico e falsidade ideológica. A Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) acusou os dois de coordenarem ataques aos sistemas do CNJ com o objetivo de desacreditar a Justiça e incitar atos antidemocrĂĄticos.

De acordo com a denĂșncia, Zambelli orientou Delgatti a invadir o sistema para inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PGR, a intenção era "colocar em dĂșvida a legitimidade da Justiça" e fomentar manifestações contra as instituições republicanas.

"A atuação vil de uma deputada, que exerce mandato em representação do povo brasileiro, e de um indivĂ­duo com conhecimentos técnicos especĂ­ficos causou relevantes e duradouros danos à credibilidade das instituições, violando os princĂ­pios constitucionais consagrados no Brasil", afirmou Moraes.

Motivação da pena

Para justificar a pena contra Zambelli, Moraes destacou que a deputada atuou como "instigadora" e "mandante" dos crimes cometidos por Delgatti. O ministro classificou as ações como uma "afronta direta à dignidade da Justiça", que compromete "gravemente" a confiança da sociedade no sistema judiciĂĄrio.

A PGR também enfatizou que os atos de Zambelli e Delgatti ultrapassaram o âmbito pessoal e atentaram contra a segurança e a integridade do Poder JudiciĂĄrio. "Os ataques coordenados pela parlamentar e efetivados pelo hacker possuem gravidade acentuada e tinham o propósito espĂșrio de desestabilizar as instituições republicanas", destacou o órgão.

Ataques de 8 de janeiro

No voto, Zanin afirmou que ficou demonstrada a gravidade e a delicadeza das imputações contidas na denĂșncia, inseridas em um contexto de invasão a dispositivos de informĂĄtica e inserção de documentos falsos com evidente intuito de atingir as instituições do Estado.

"Emerge com nitidez que a conduta de invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça e emitir documentos e expedientes falsos, inclusive mandado de prisão contra Ministro do Supremo Tribunal Federal, não foi aleatória. A materialidade e a autoria estão devidamente comprovadas, nos termos do voto do eminente relator".

O ministro ainda ressaltou que os fatos envolvendo a invasão dos sistemas do CNJ ocorreram, inclusive, perto dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos TrĂȘs Poderes em BrasĂ­lia foram invadidas e destruĂ­das.

"Parte significativa dos fatos narrados nesta ação penal eclodiram às vésperas do lamentĂĄvel episódio do 8/1/2023, o que permite refletir que os crimes praticados se inserem em um contexto mais amplo de tentativa de ruptura da ordem constitucionalmente estabelecida", escreveu.

Reação da defesa

Os advogados de Carla Zambelli afirmaram que irão recorrer da decisão, argumentando que a pena é desproporcional e que as acusações não refletem a realidade dos fatos. A defesa de Walter Delgatti também informou que pretende contestar a sentença, alegando que houve exagero na interpretação das provas.

A deputada divulgou uma nota em que diz que que estĂĄ sendo vĂ­tima de perseguição polĂ­tica:

"Em respeito à população brasileira e à confiança que quase 1 milhão de eleitores depositaram em mim, venho expressar meu mais profundo sentimento de inconformismo diante do voto proferido pelo Ministro Alexandre de Moraes hoje cedo, que, ignorando os fatos e a ausĂȘncia de provas nos autos, optou por me condenar injustamente", afirmou.

"Estou sendo vĂ­tima de uma perseguição polĂ­tica que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas contra os princĂ­pios mais elementares do Estado de Direito. O que estĂĄ em julgamento não são ações concretas, mas minha postura firme, minha voz ativa e minha defesa inabalĂĄvel dos valores conservadores que represento", completou.

Impacto polĂ­tico

Caso a condenação de Zambelli seja confirmada após os recursos, a Câmara dos Deputados deverĂĄ declarar a perda de seu mandato. A decisão também torna a deputada inelegĂ­vel, conforme as normas da Lei da Ficha Limpa.

A expectativa é que os ministros finalizem os votos até a próxima sexta-feira (16), quando se encerra o prazo para inserção dos pareceres no plenĂĄrio virtual da Corte.


Fonte: G1

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