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Alexandre Schwartsman: "Há espaço para mais cortes dos juros"

Por Redação em 05/08/2020 às 18:35:57

O frágil cenário econômico causado pela pandemia do novo coronavírus permitiria ao Banco Central (BC) reduzir a Selic para abaixo dos 2% anunciado Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira, 5, afirma o economista e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman. A redução de 0,25 foi a nona seguida, e deixa a taxa de juros no nível mais baixo da história. "Acredito que teria espaço adicional para reduzir e tentar dar um impulso maior para a economia", afirma o economista.

A redução isolada da taxa de juros, porém, não deve gerar grande impacto para a retomada da atividade econômica. O movimento do BC, segundo Schwartsman, faz parte de um conjunto maior de medidas para que os índices da atividade econômica voltem ao nível pré-crise a partir do próximo ano. "O impacto não é imediato, mas de alguma forma irá balizar o juros por um período de um ano, ou até mais. E os juros são relevantes para o crédito, então deve ajudar em algum grau na recuperação em 2021".

Segundo o ex-presidente do Banco Central, a retomada das atividades econômicas estão atreladas ao controle da pandemia do novo coronavírus. Caso não haja uma redução do número de contágios, e consequentemente a flexibilização das medidas de isolamento social, se torna difícil estimar a recuperação no curto e médio prazo. "Ao contrário dos países europeus, que tiveram um pico de contaminação, mas que depois despencou muito rápido, a gente ainda está em um patamar de mortes muito elevado. Pelas indicações, a gente não vence essa epidemia neste mês, nem no próximo", afirma.

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Diante deste cenário, Schwartsman defende que os pacotes de ajuda lançados pelo Ministério da Economia, como o auxílio emergencial, sejam estendidos para os próximos meses, mesmo que seja com um valor abaixo do atual. "Estamos pagando isso com um grande aumento do endividamento, o que vai se tornar um problema nos próximos anos, mas não temos muitas alternativas. Em algum momento o benefício precisará ser encerrado, de preferência que seja quando a questão da pandemia estiver resolvida".

O governo federal afirmou que cada parcela do auxílio emergencial custa R$ 50 bilhões aos cofres públicos. O economista classifica o papel do Ministério da Economia como coadjuvante nas ações de combate à crise. Segundo ele, falta competência ao governo para lidar com a situação. "Começa pelo ministro da Economia, que fala muito e faz muito pouco. Me parece que o país se encaminha para um descontrole fiscal, justamente pela falta de comando, articulação e capacidade de entrega", diz.

Junto com o anúncio da redução da Selic, o Banco Central sinalizou que "fechou a porta" para novos cortes. A decisão está alinhada aos interesses do mercado, que estimam a elevação da taxa de juros para 3% em 2021, e 5% em 2022, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 3. O economista, no entanto, afirma que o BC já sinalizou em outras oportunidades a paralisação das reduções, mas recuou da decisão. A reavaliação do ciclo de cortes dependerá do prolongamento da crise sanitária da Covid-19 e os seus impactos na economia. "Nós estamos vivendo em um novo mundo. Nunca passamos por uma pandemia como essa nos últimos 100 anos, então é difícil imaginar como as coisas vão reagir. Em condições de uma certa normalidade do ponto de vista da epidemia, a gente pode ter recuperação", afirma o ex-diretor do BC.

Fonte: JP

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