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Com seca recorde e chegada do calor, veja as medidas na mesa do governo para garantir fornecimento de energia

Por Redação em 15/09/2024 às 07:27:37

O Brasil passa pela pior seca dos últimos 94 anos e, com a chegada do calor, deve enfrentar picos mais altos de consumo. Esse cenário acende um alerta no governo para garantir a continuidade do fornecimento de energia.

Na quinta-feira (12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reconheceu que a situação para 2025 é "sempre uma preocupação".

"Quando dizem o seguinte: '2025 é preocupante? 2026 é preocupante?' Diante do cenário climático e hidrológico que vivemos hoje, sempre o ministro tem que tratar como preocupante", disse a jornalistas, em São Paulo.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a quantidade de água que chega nos rios e é usada para gerar energia está abaixo da média histórica e tem sido um "ponto de atenção" desde dezembro de 2023.

Diante desse cenário, o governo tem lançado mão de algumas medidas e estudado outras, como o retorno do horário de verão.

Veja as medidas abaixo:

Horário de verão

Plano de contingência

Acionamento de termelétricas

Vazão de Belo Monte e flexibilizações

Operação de linhas de transmissão

Horário de verão

Nesta semana, Silveira confirmou que o governo estuda o retorno do horário de verão em 2024 para reduzir os impactos da crise hídrica sobre o sistema elétrico (veja no vídeo abaixo).

Volta do horário de verão está em estudo, diz ministro de Minas e Energia

A ideia ainda é analisada pela pasta, mas a avaliação dos técnicos do governo é de que depende de uma decisão política, e não técnica.

Ao longo dos anos, o horário de verão se mostrou pouco eficaz para economizar energia. Mas, para o Ministério de Minas e Energia, a medida poderia ajudar a deslocar o pico de consumo, que costuma ocorrer no início da noite.

Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Ao mesmo tempo, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.

No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.

Plano de contingência

O governo determinou ao ONS a elaboração, em até 30 dias, de um plano para garantir o fornecimento de energia no horizonte de 2024 a 2026.

O plano vai conter medidas para manter o suprimento no sistema interligado nacional (SIN) e no sistema isolado de Roraima — único que não está conectado ao restante do país.

Segundo a determinação de Silveira, o ONS também deve conter "propostas de medidas concretas" para serem adotadas ano a ano pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) — que reúne autoridades do setor.

Acionamento de termelétricas

O ONS tem aumentado o despacho de usinas termelétricas para suprir os horários de pico de consumo.

Na semana de 31 de agosto a 6 de setembro, por exemplo, a geração de energia por usinas termelétricas chegou ao patamar de 14%, na comparação com as outras fontes do sistema interligado. No mesmo período de 2023, a parcela era de 10,3%.

Essas usinas garantem maior segurança ao sistema porque podem gerar de forma constante, diferente das usinas eólicas e solares, que dependem da incidência de vento e sol.

Contudo, as termelétricas são mais caras, por causa do custo de aquisição do combustível, e mais poluentes. As usinas, em sua maioria, geram energia a óleo combustível, carvão mineral e gás natural.

As usinas que estão sendo acionadas atualmente estão dentro da "ordem de mérito" — que determina a prioridade de despacho, levando em consideração o custo de cada usina e sua disponibilidade.

Há um outro mecanismo chamado de "despacho fora da ordem de mérito", que acontece quando uma usina é acionada mesmo que não esteja programa. Esse despacho geralmente é mais caro, sendo feito em último caso.

A avaliação do governo é que a crise ainda não chegou ao ponto de ser necessário acionar usinas "fora da ordem de mérito", mas o CMSE já autorizou o ONS a ligar duas usinas mesmo que, eventualmente, fiquem "fora da ordem de mérito". São as usinas Santa Cruz (RJ) e Linhares (ES).

O ONS também chegou a sugerir ao governo a antecipação da usina termelétricas contratadas, mas que ainda não entraram em operação comercial, como a Termopernambuco.

Segundo o ONS, essa usina poderia ser antecipada para a partir de outubro de 2024. O início de sua operação está previsto para 2026. Ainda não há definição sobre essa medida.

Vazão de Belo Monte e flexibilizações

Em sua última reunião, no dia 3 de setembro, o CMSE decidiu autorizar uma articulação com o Ibama para alterar os limites mínimos de vazão nos reservatórios da usina hidrelétrica de Belo Monte.

A medida tem o objetivo de "economizar" a água da usina para gerar energia em momentos de pico de consumo. Ou seja, Belo Monte teria uma vazão menor em alguns horários do dia, para "guardar" água, e maior em outros de acordo com a necessidade.

O comitê também permitiu que o ONS flexibilize alguns critérios de desempenho e segurança do sistema interligado para manter o suprimento de energia pelo sistema elétrico em setembro, outubro e novembro — meses considerados mais críticos.

Operação de linhas de transmissão

O governo também considera articular a entrada em operação de três linhas de transmissão para garantir o escoamento de energia nos meses de setembro a dezembro deste ano.

O sistema elétrico é organizado em geração, transmissão e distribuição. As usinas geradoras de energia se conectam à rede de transmissão, que corta o país e é operada pelo ONS.

As linhas de transmissão citadas pelo governo são:

Porto do Sergipe – Olindina – Sapeaçu, entre os estados de Sergipe e Bahia. A linha está prevista para outubro, mas está pendente de licença de operação do Ibama;

Terminal Rio – Lagos, no Rio de Janeiro. A linha está prevista para novembro de 2024;

Leopoldina 2 – Lagos, no Rio de Janeiro.

Fonte: G1

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