Senado usa sabatina de GalĂpolo para mandar recados ao Planalto sobre 'dobradinha' com STF
A falta de definição da data da sabatina de Gabriel GalĂpolo na CAE nada tem a ver com o perfil do indicado para o Banco Central. GalĂpolo jĂĄ angariou apoios, inclusive da oposição, e arrancou frases de adversĂĄrios do governo que dão uma ideia de que dificilmente ele terĂĄ problemas numa votação na Casa.
Ciro Nogueira, por exemplo, disse que o ex-nĂșmero 2 da Fazenda tem todo seu apoio. Mas, afinal, o que estĂĄ por trĂĄs da enrolação do Senado para sabatinar o indicado de Lula? Tal qual o comportamento de uma criança, senadores usam a indefinição da data da sabatina para chamar atenção do Planalto e mandar recados. É como se o Senado estivesse dizendo: "Não é vocĂȘ, GalĂpolo: somos nós. É o STF. São as nossas emendas. É Lula".
Senadores estão irritados e seguem desconfiados, assim como na Câmara, de que estĂĄ um curso um jogo combinado, uma operação casada entre Executivo e STF no caso das emendas, decisão de Dino, e no apoio pĂșblico do presidente Lula à decisão do ministro Moraes no caso Musk.
Senado, como o blog jĂĄ revelou, quer cada vez mais pautas anti-STF e se irrita com o que considera alinhamento do governo com o JudiciĂĄrio pois se sente ameaçado. JĂĄ que é ano de eleição e a agenda do governo no Congresso só deve ser retomada em 2025, o Senado aproveitou a pauta da indicação da sabatina para mandar seus recados de insatisfação e ameaça deixar a sabatina do indicado para o BC para depois das eleições.
Além disso, os parlamentares aproveitam para marcar posição na rejeição de Padilha como interlocutor polĂtico. Preferem Jacques Wagner no comando, por exemplo. O vai e vem da data da sabatina de GalĂpolo, portanto, é um spoiler do que o Senado deve fazer com o governo nos próximos anos, principalmente se eleger maioria bolsonarista em 2027. Ou seja, no meio do caminho das urgĂȘncias da sociedade hĂĄ a prioridade dos parlamentares: seus interesses particulares.
Andreia Sadi
Fonte: G1