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Mato Grosso

Polícia cumpre 132 ordens judiciais contra presos que pagavam propina para diretor de cadeia em troca de trabalhos externos em MT


Uma operação da Polícia Civil cumpriu, nesta terça-feira (7), 132 ordens judiciais contra um grupo de presos que pagavam propina para o diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá, em troca de trabalhos externos. As investigações apuraram que o chefe do esquema adquiriu patrimônio, incluindo a abertura de empresas, compra de uma frota de caminhões, imóveis e veículos de luxo, mesmo estando preso.

Os mandados são cumpridos em quatro estados: Primavera do Leste, Paranatinga e Dom Aquino, em Mato Grosso, Uberlândia (MG), Rio Verde (GO) e Santana do Araguaia (PA).

Dados analisados do relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) demonstraram transações realizadas entre os próprios investigados. De acordo com a Polícia Civil, entre fevereiro de 2022 e novembro do ano passado, o esquema movimentou de R$ 485 mil a R$ 24 milhões.

Além das transações, os investigados também receberam créditos e efetuaram depósitos em contas bancárias de presos ou familiares de presos.

A ação faz parte da operação La Catedral para cumprir ordens judiciais, entre prisões, buscas e apreensões, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados. A investigação apura os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e facilitação de saída de pessoa presa para atividades ilegais.

A Polícia Civil identificou a existência de um grupo que se formou para comprar privilégios, movimentar dinheiro ilegal e promover a lavagem de capitais através de empresas de construções e ofertar vantagens ilícitas aos servidores públicos da cadeia.

De acordo com a polícia, os investigados utilizaram terceiros e pessoas jurídicas para movimentar os valores ilícitos. Houve ainda a compra de veículos e imóveis para dar aparência de legalidade ao dinheiro.

O chefe do esquema, Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, foi alvo de mandados de prisão preventiva, busca e apreenssão, bloqueio de valores e sequestro de bens. Já o diretor da cadeia pública foi alvo de busca e apreensão, bloqueio de bens e afastamento do cargo.

Investigação

Janderson é um dos principais alvos da investigação e está preso em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de reclusão. Mesmo preso, a Polícia Civil identificou que ele tinha liberdade para continuar com as atividades criminosas liderando de dentro da cadeia.

O chefe já foi alvo de duas operações da Polícia Civil - Três Estados e Red Money - que investigaram os crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele e a esposa tiveram os bens confiscados e arrestados nas operações, que é quando a Justiça apreende um bem para garantir um futuro pagamento da dívida.

Porém, após um ano da transferência de Janderson para a cadeia de Primavera do Leste, ele adquiriu um patrimônio considerável, incluindo a abertura de empresas, compra de uma frota de caminhões com reboques e semirreboques; imóveis em Cuiabá, Primavera do Leste e Poxoréu; e veículos de luxo para ele e para a esposa, que também foi presa.

De acordo com a polícia, o condenado também ostenta em rede social uma vida de alto padrão, compartilhando imagens dos caminhões, carros, construções imobiliárias e gado bovino.

A equipe apurou que Janderson tinha autorização judicial para trabalhar externamente e frequentar a faculdade em Primavera do Leste. No entanto, no período de investigação, a polícia constatou que ele não compareceu ao trabalho e nem às aulas do curso.

No ano passado, a Polícia Civil de Primavera do Leste instaurou uma investigação para apurar supostas irregularidades na cadeia pública. No inquérito, foi relatada a existência de um esquema de corrupção na venda de benefícios dentro da unidade que incluíam a autorização de trabalho externo e alojamento privilegiado na cadeia.

Entre os pagamentos de propinas para o diretor, foi apurado que Janderson teria transferido R$ 20 mil, por intermédio de outras pessoas, para conseguir trabalho externo. Além dele, outros presos também teriam feito pagamentos para o trabalho extramuros.

Nome da operação

Faz referência à La Catedral, prisão onde ficou o narcotraficante Pablo Escobar, na Colômbia. A unidade era vigiada pelos próprios homens de confiança do traficante, que fez do local uma extensão de seus negócios ilícitos e da prisão continuava comandando o tráfico de drogas e outras ações, até ser extraditado para os Estados Unidos. A prisão contava com regalias, como salas de jogos, academia e campo de futebol. Em La Catedral, Escobar realizava festas marcadas com bebidas, drogas e mulheres.

G1/MT

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