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Guias de trânsito de animais mostram que bois criados ilegalmente em reserva são vendidos impunemente

Por Redação em 01/08/2023 às 01:24:24
Segundo as investigações, grileiros invadiram a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, no Pará, para desmatar e espalhar áreas de pasto, em fazendas clandestinas. VÍDEO: guias de trânsito de animais mostram que bois criados ilegalmente em reserva são vendidos impunemente

A criação de gado ilegal foi alvo de uma operação que durou quase dois meses na Amazônia. Segundo as investigações, grileiros invadiram uma reserva para desmatar e espalhar áreas de pasto, em fazendas clandestinas.

O Fantástico e a Globonews sobrevoaram a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, no Pará, criada em 2005 para proteger centenas de mananciais que abastecem os rios Xingu e Tapajós —dois dos mais importantes rios amazônicos.

O Fantástico também teve acesso a guias de trânsito de animais —documentos obrigatórios para o transporte de gado. Os papéis comprovam que bois criados ilegalmente na reserva são vendidos impunemente.

Uma das guias foi emitida por Sandra Kronbauer, pecuarista que teve 1.250 cabeças de gado apreendidas na operação.

Em 6 de abril Sandra emitiu o documento pra vender bois criados dentro da reserva, segundo o ICMBio, para a empresa Confinamento Vale Grande.

Em junho, a Confinamento Vale Grande emitiu duas guias pra enviar gado para o frigorífico 163 BEEF em Novo Progresso, no Pará.

A Confinamento Vale Grande e o frigorífico 163 BEEF acumulam multas milionárias junto ao ICMBio. O Fantástico procurou os envolvidos, mas não teve retorno.

O frigorífico é controlado pelo grupo Pantanal Beef, que exporta carne bovina pra outros países e é filiado à associação brasileira das indústrias exportadoras de carne.

Segundo o diretor da associação, os frigoríficos ainda não conseguem monitorar toda a cadeia de criação de gado.

"O Brasil tem um sistema de rastreabilidade que é baseado em controles sanitários, são grupos de animais. Não são os animais individualmente. Mas a gente não tem acesso a essa informação. O frigorífico não consegue ver esse caminho do boi. Quem tem acesso são os órgãos de defesa agropecuária estaduais e o Ministério da Agricultura. A gente acha que o Brasil precisa, em termos de acesso a mercados, melhorar essa política pra dar garantias tanto sanitárias quanto socioambientais. Então isso é essencial pro futuro da nossa indústria. E a gente tá trabalhando com o governo pra fazer isso", diz Fernando Sampaio.

A partir de 2025, a União Europeia vai exigir o rastreio de toda a cadeia de produção, desde que o boi nasce, para continuar comprando carne brasileira.

Pra ONG Imaflora, que há quase 30 anos incentiva a pecuária sem desmatamento, a solução é usar chips ou brincos digitais nos bois.

"Falta um estímulo do mercado, incentivos, porque produtor hoje ele não tem o porquê chipar esse animal. Isso vai custar caro pra ele, então é necessário que tenha incentivos ou tributários, ou de crédito agrícola. Enquanto a gente não tiver um sistema nacional robusto e transparente, a gente vai continuar arrastando o problema pra um bioma ou pro outro, pra uma questão social, ou pra uma indígena ou pra uma ambiental", destaca Marina Piatto.

Com a facilidade para vender o gado ilegal, a pecuária continua se expandindo na região. O ICMBio estima que há 100 mil cabeças de gado ilegal dentro da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo.

A Prefeitura de Altamira diz que qualquer irregularidade praticada por servidores será apurada e caso seja confirmada, pode exonerar os envolvidos. A subprefeita Sandra foi multada pelo ICMBio em R$ 2,8 milhões por criar gado na reserva. Procurada, não respondeu às mensagens.



Fonte: G1

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