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Procuradoria pediu arquivamento de investigação sobre postagens feitas por deputadas federais Clarissa Tércio e Sílvia Waiãpi com vídeos do dia das invasões. Entendimento contraria avaliação feita pela PF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento de dois inquéritos abertos para investigar a participação de deputadas nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.A Procuradoria concluiu que não há provas de que as deputadas federais Clarissa Tércio (PP-PE) e Sílvia Waiãpi (PL-AP) atuaram para incitar os ataques que levaram à depredação das sedes do Congresso, Planalto e Supremo. Esses são os primeiros pedidos da PGR para encerrar investigações contra parlamentares. Além das duas deputadas, o STF investiga André Fernandes (PL-CE), Coronel Fernanda (PL-MT) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).Apesar de não ver crime na conduta das deputadas, a PGR defendeu que a Câmara dos Deputados analise as condutas delas no âmbito do Conselho de Ética da Casa. Ou seja, verifique se houve quebra de decoro parlamentar.O entendimento da PGR contraria posição da Polícia Federal, que apontou indícios de crimes das parlamentares. A Procuradoria havia pedido a abertura do inquérito o Supremo em janeiro. Na avaliação do MPF, postagens dos parlamentares, que à época ainda não haviam tomado posse, nas redes sociais poderiam ser enquadradas como incitação pública à prática de crime e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. PGR pede ao Supremo que investigue três deputados eleitos por incitação aos atos golpistasAs postagensA apuração sobre Clarissa começou pela postagem na qual ela diz: "Acabamos de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso. Todo povo está aqui em cima. Isso vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos". Já Sílvia, em uma rede social, postou vídeos dos atos com a legenda: "Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho."Ao Supremo, a PGR avaliou que, até o presente momento, foram afastados os indícios inicialmente apontados de que a as parlamentares concorreram ainda que "por incitação, para os crimes executados no dia 8 de janeiro de 2023, inexistindo justa causa para o prosseguimento das investigações ou para a instauração de ação penal em face da Parlamentar por eventual autoria dos atos atentatórios ao Estado Democrático de Direito".A Procuradoria diz que não foi localizada nenhuma publicação realizada por Clarissa Tércio anterior aos atos instigando as práticas criminosas. Segundo o MPF, a deputada, na manhã seguinte, teria expressado reprovação à violência e ao vandalismo verificados nos atos.Sobre a conduta de Sílvia, a PGR afirmou que "ainda que haja indícios de exclusão de publicações, não há como inferir que a investigada tenha instigado a execução dos crimes".LEIA TAMBÉM:STF tem maioria para transformar em réus mais 245 denunciados pelo 8 de janeiroMoraes autoriza devolução de ônibus apreendidos após atos golpistas de 8 de janeiroMoraes autoriza PF a acessar e analisar dados de celulares apreendidos com presos nos atos de 8 de janeiroAvaliação da PFEm linha contrária à PGR, a Polícia Federal afirmou ao Supremo que houve "crime de opinião" na conduta de Clarissa Tércio e de Silvia Waiãpi pela divulgação de vídeo nas redes sociais nos quais teriam incentivado os atos de 8 de janeiro.Os investigadores destacaram ainda que as declarações da deputada ocorreram quando ela ainda não estava protegida pela regra da imunidade por opiniões, palavras e votos.