Psicóloga vê aceitação como primeiro passo para lidar com mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus

Por Redação em 03/07/2020 às 12:59:46

Passados 100 dias desde o início da quarentena, ainda é difícil, para muitos, enfrentar o cenário atual. Profissional dá dicas e moradores do Alto Tietê relatam momentos marcantes que viveram nesse período. Quarentena passa de cem dias e psicóloga dá dicas para manter saúde mental

A pandemia do novo coronavírus veio e, de repente, mudou a rotina de praticamente todas as pessoas, seja na vida pessoal ou na parte profissional. Essa mudança radical no cotidiano com o qual estávamos acostumados não é fácil. Muitos têm dificuldades para lidar com as adaptações que o momento atual exige.

A psicóloga Rosana Yamamoto falou sobre a maneira como as pessoas estão enfrentando a fase que atravessamos. Segundo ela, é natural que aconteçam alterações no humor, com dias bons e outros nem tanto, desde que não sejam muito intensas.

"Essa leve oscilação é normal. Nós não temos uma vida linear e, se formos navegar entre essa linha um pouco para cima, um pouco para baixo, está tudo bem. O que não pode é oscilar demais", disse Rosana.

"A gente não escolheu essa quebra de rotina. Ela aconteceu, não só para mim, mas para todo mundo. E a gente se vê perdido, sem conseguir administrar. Como eu posso organizar meu tempo? E isso também é natural, gerar um pouco mais de ansiedade, de tensão, de irritabilidade".

Na opinião de Rosana, uma maneira importante de lidar com este período de pandemia é, em primeiro lugar, a aceitação do momento atual. Para ela, essa atitude pode fazer com que as coisas melhores em uma fase tão complicada para o mundo.

"Primeiro acho que devemos aceitar aquilo que é do momento. Se ficarmos criando uma resistência de que não quer quebrar a rotina, vai gerar mais sofrimento. A vida está dessa forma. A partir do momento em que eu aceito, eu me preparo, consigo me organizar para administrar e criar uma nova rotina. Então eu não fico preso no passado. Eu aceito o que é. E talvez seja o tempo de me reconectar comigo mesmo e pensar: poxa, eu dizia que não tinha tempo para isso, não tinha tempo para aquilo. Será que agora eu posso fazer essa pausa? Então é olhar para dentro de mim e me reconectar com as coisas que realmente fazem sentido, que me fazem bem".

100 dias de quarentena: o que as pessoas fizeram?

Quando 2020 começou, não fazíamos ideia de que o tempo iria virar. Em janeiro, início do ano, muitas pessoas faziam planos. Em fevereiro, vieram as primeiras notícias da evolução do novo coronavírus pelo mundo. Em março, então, a pandemia chegou ao Brasil.

A partir daí, o ritmo nas cidades mudou e está assim desde então. Mais tempo em casa para aproveitar a família, para se distrair e, por que não, passear, mas sem sair do sofá.

Pela internet, é possível conhecer ruas e avenidas de cidades como Havana, em Cuba. A ferramenta é tão rica em detalhes que dá para andar pelas vielas de Roma, na Itália, e visitar o famoso Coliseu. O estudante Vitor Andreoli Puerta Lopes, de Mogi das Cruzes, embarcou nessa aventura digital.

Ferramenta permite viajar pelo mundo sem sair de casa

Reprodução/TV Diário

"Visitei Toronto, Lisboa, Londres e até Kiev. É muito legal o jeito que a ferramenta permite que a gente olhe. Ela coloca a perspectiva de primeira pessoal, então realmente parece que estamos no lugar", contou Vitor.

A quarentena mudou tanto o nosso dia a dia que até quem estava acostumado a registrar a rotina das pessoas estranhou. Pedro Chavedar é fotógrafo desde 2013 e registrou alguns momentos desta quarentena, entre os quais um deles foi o mais marcante.

"Fotografar os coveiros do Cemitério da Saudade foi chocante, vê-los abrindo as covas. Fotografei-os dentro das covas, abrindo os espaços. Ver aquilo é uma mistura de sentimentos, porque, querendo ou não, eles estavam trabalhando, então em um momento como este eles estavam conseguindo trabalhar e levar sustento para as famílias. Por outro lado, estavam abrindo covas para colocar pessoas que não estavam acreditando no que estava acontecendo", relatou Pedro.

Este período também foi diferente para os jornalistas, que, assim como muitos profissionais, não pararam de trabalhar. A missão é mostrar como é este "novo normal". Foi mostrado, por exemplo, que no início da quarentena o comércio precisou ser fechado por uma questão de segurança, que a tecnologia mostrou para as pessoas um novo jeito de fazer negócio e que a internet se mostrou uma grande aliada em diminuir as distâncias neste período de isolamento social.

Foi preciso também contar histórias tristes. Foram mostrados os impactos da Covid-19 na região do Alto Tietê, o avanço da doença e a luta de pessoas com diagnóstico positivo pela vida. Infelizmente, algumas não conseguiram vencer essa luta. Outras já passaram por essa guerra.

Os 100 dias de quarentena que já se passaram podem ter sido mais pesados para alguns e mais leves para outros, mas uma coisa é consenso: que a esperança está no nosso sangue e que, assim como tudo que já passamos, isso que vivemos neste momento uma hora também vai passar.

Familiares se reencontraram neste período de pandemia

Reprodução/TV Diário

A aposentada Vicentina Catarina da Silva está com 85 anos. Desde os quatro anos ela foi criada pela madrinha e nunca mais viu a mãe.

"Saí casada da casa dela, com 22 anos. Aí ela me criou, me ensinou a fazer tudo. Graças a Deus, vivi casada com meu esposo por 60 anos. Mas sabe como é: eu tive quatro filhos, e não dava para a gente ir lá. Meu marido falava: qualquer hora a gente vai. Mas nunca dava. O tempo foi passando. Minha filha falava: mãe, eu vou fazer isso pela senhora. Eu vou procurar a família da senhora".

A história teve um final feliz no começo do mês passado. Depois de algumas viagens e muitas pesquisas, tudo durante a pandemia, elas conseguiram encontrar os parentes. "Foi tão emocionante que tinha hora que eu chorava. Eu não parava de chorar. Foi aquela alegria grande e eu agradeci a Deus em primeiro lugar".

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Fonte: G1

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