Presidente discursou em evento no Ceará e anunciou ampliação de vagas no ensino integral. Na última semana, governo sofreu revés na Câmara em decreto sobre saneamento e teve de acelerar liberação de cargos e emendas parlamentares. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (12) que a base aliada do governo no Congresso é testada "a cada votação", e que "nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer".
"Tem gente que pergunta pra mim: 'Ô Lula, quantos deputados você tem na sua base?' Eu falo 513. Tenho 513 deputados e 81 senadores, e eles serão testados em cada votação. Nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer", disse Lula.
"O deputado pode pensar diferente, pode querer fazer uma emenda, mudar um artigo. E nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático", continuou.
O governo Lula vem enfrentando dificuldades para consolidar uma base no Congresso, considerada fundamental para aprovar pacotes econômicos e o orçamento dos próximos anos, por exemplo, além das promessas de campanha do petista.
Na última semana, por exemplo, o governo sofreu uma derrota na Câmara: o plenário aprovou um decreto legislativo que revoga parte da regulamentação feita por Lula, também em decreto, em temas do marco legal do saneamento básico. O tema ainda vai ser analisado pelo Senado.
"Não é o Congresso que precisa do governo. Do jeito que está a Constituição Brasileira, é o governo que precisa do Congresso. Por isso, a relação tem que ser civilizada, temos que conversar. Quando você não tá no governo, você tem partido, você acha. Mas quando você está no governo, ou você faz, ou você não faz", declarou Lula.
O presidente da República discursou em um evento em Fortaleza (CE), no qual Lula também lançou um programa para criar até 1 milhão de vagas adicionais no ensino público em tempo integral. Segundo o governo, serão destinados R$ 4 bilhões para prefeituras e estados implementarem essas vagas.
Dados do 4º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação (PNE) 2022, divulgados pelo governo nesta sexta, indicam que as matrículas em tempo integral na rede pública recuaram nos últimos anos – eram 17,6% dos alunos em 2014, e 15,1% em 2021.
Governo 'não fez muita coisa', diz
Lula reconheceu que a sua gestão, em quatro meses, ainda não fez "muita coisa". Segundo o presidente, o quadrimestre serviu para reorganizar o governo após a gestão de Jair Bolsonaro.
"Nós ainda não fizemos muita coisa, nós estamos apenas colocando tijolos no lugar para fazer a partir de agora", declarou.
O governo tem sido criticado pela dificuldade de implementar novas políticas, já que se concentrou em retomar programas de gestões anteriores do PT, a exemplo do Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida.
