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O corpo do animal será enviado para o Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Sinop, para que sejam feitos estudos por conta da raridade da espécie, que também é ameaçada de extinção. Uma Harpia, ou gaviã-real, - considerada a maior ave de rapina no Brasil ReproduçãoA harpia resgatada com um tiro de arma de fogo na asa esquerda morreu, neste sábado (22), à espera de ser transferida para uma clínica veterinária em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, de acordo com o diretor regional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Edivaldo Soares.Compartilhe no WhatsAppCompartilhe no TelegramA ave foi encontrada por moradores no assentamento Santa Clara em Santa Cruz do Xingu, na segunda-feira (17), que acionaram a Polícia Militar para levar a ave até uma clínica conveniada da Sema já com cinco dias de fratura exposta, o que aumentou a gravidade do quadro de saúde do animal.Segundo Soares, o transporte para encaminhar a ave até a região metropolitana estava acertada."Já estava tudo alinhado para receber o animal na clínica Anjo da Guarda em Várzea Grande. Estava tudo certo. Acredito que eles nem visualizaram as mensagens sobre a morte da ave. Eu já estou despachando os outros veículos e motoristas. Foi muito chato. Nós perdemos a ave", contou.A perda da harpia comoveu toda a equipe envolvida no resgate e na recuperação da saúde dela."Hoje deu uma queda de temperatura nela e, infelizmente, morreu. Foi muito triste porque estava uma expectativa muito boa para poder ter a vida dela tranquila, mesmo que não fosse voltar para o habitat natural dela, a gente ia tentar salvá-la", afirmou.O corpo da harpia será enviado para o Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Sinop, para que sejam feitos estudos por conta da raridade da espécie, que também é ameaçada de extinção.Harpia não resiste aos ferimentos e morre à espera de transferência para clínica em MTAcervo pessoal/CedidaPara o veterinário José Pereira, responsável pelo tratamento do animal, a ferida estava bastante necrosada por ter atingido os músculos da asa da ave, que dá apoio e equilíbrio para que ela possa voar. A equipe estava animada com os sinais de recuperação da ave nos últimos dias, mas ela não resistiu."Como ela estava muito desitratada foi feito fluidoterapia para hidratação e imobilização dessa asa com antibióticos, analgésicos e antinflamatórios. O atendimento padrão de emergência e incorporando a alimentação, um fator de grande importância. Então, ela começou com suplemento e depois passou a ingerir carne fresca e se readaptando a essa nova alimentação em ambiente de clínica. A gente estava bem animado com a recuperação", afirmouSegundo Pereira, o resgate de animais silvestres precisa de mais atenção devido a alta demanda de casos como esse e o pouco atendimento especializado dispensado para as ocorrências, que continuam cada vez mais frequentes."É assim no estado inteiro, não só com esses animais que chamam atenção, mas araras e tamanduás na época da seca. É com frequência que eles precisam de atendimento. Até porque tem vários municípios que não tem esse atendimento e nem todas as pessoas que se deparam com o animal não o leva para ser atendido. A frequência existe e observo diariamente que tem muito acidente principalmente nas rodovias", contou.Sem atendimentoO local mais próximo que a harpia poderia ter sido encaminhada após o resgate seria o Hospital Veterinário da UFMT, em Sinop. Contudo, o local deixou de atender ocorrências de animais silvestres por causa de uma dívida de quase R$ 300 mil da Sema com a unidade.Resgate de animais silvestresA Sema orienta que solicitações de resgate e denúncias de animais silvestres sejam realizadas por pelo número 190, da Polícia Militar, ou 193, do Corpo de Bombeiros.